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Matérias / Egito Antigo

Relembre a descoberta de múmias encontradas com língua de ouro

Em 2021, arqueólogos buscavam a tumba de Cleópatra durante escavações no templo Taposiris Magna, mas acabaram encontrando algo surpreendente

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 07/04/2024, às 12h00 - Atualizado em 09/04/2024, às 07h08

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Uma das múmias com língua de ouro descoberta em fevereiro no Egito - Divulgação/Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito
Uma das múmias com língua de ouro descoberta em fevereiro no Egito - Divulgação/Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito

Cleópatra, a rainha do Egito, é certamente uma das figuras históricas mais fascinantes que já existiu. Mesmo após séculos, ela continua no imaginário popular, muito em virtude de sua representação em filmes e pelo fato de ter sido esposa de dois grandes líderes romanos. Embora ela tenha sido muito mais do que isso. 

+ Entre o mito e a história: Cleópatra foi além da imagem 'promíscua' de Hollywood

Discussões à parte, um dos grandes mistérios em relação à Cleópatra diz respeito ao seu local de descanso final. Enquanto a tumba de Tutancâmon foi descoberta em 1922, a da rainha permanece um mistério. 

Pesquisadores acreditam que o local esteja sob o templo Taposiris Magna, a oeste da antiga cidade de Alexandria. E foi justamente explorando o templo em busca de Cleópatra, em fevereiro de 2021, que a arqueóloga Kathleen Martinez, da República Dominicana, fez uma descoberta surpreendente: múmias com línguas de ouro

Achado impressionante

Nas primeiras semanas de 2021, pesquisadores da Universidade de Santo Domingo, na República Dominicana, trabalhavam em parceria com arqueólogos egípcios em escavações no templo de Taposiris Magna, ao oeste de Alexandria, no Egito. 

Durante a buscas, eles encontraram 16 túmulos esculpidos em rochas. Embora os restos mortais não estivessem em bom estado de conservação, uma peculiaridade chamou a atenção: duas das múmias, no lugar onde deveria ficar sua língua, tinham um artefato feito de ouro, segundo relatou o Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito em comunicado. 

Já outras duas ainda apresentavam pergaminhos — estudados pelos pesquisadores. Uma delas, aliás, conforme relatou a Superinteressante na época, estava envolvida em uma camada de gesso com detalhes dourados — que representavam o deus Osíris

Enquanto isso, a outra possuía uma coroa com chifres e carregava um desenho de uma cobra na testa. Essa múmia também possuía, no peito, a representação de um colar de falcão. O animal é símbolo do deus Hórus, que é filho de Osíris com Ísis

Uma terceira múmia também gerou curiosidade por apresentar uma máscara mortuária — que representava uma mulher sorrindo. No local também foram achados estátuas que retratavam as pessoas enterradas por lá; dando mais detalhes dos indivíduos, como as características de seus rostos ou o formato de seus cabelos. 

Máscara mortuária encontrada na escavação / Crédito: Divulgação/Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito

As evidências apontam que eles viveram durante o reinado de Ptolomeu (303 a.C. até 30 a.C.), ou então após a morte de Cleópatra (em 30 a.C.), quando o Egito se tornou uma província do Imperio Romano. 

A língua de ouro 

Mas, afinal, qual o significado de ser enterrado com uma língua de ouro? Segundo as crenças da época, a língua de ouro seria colocada na boca de um falecido para que ele pudesse falar após a morte. 

Afinal, segundo a mitologia egípcia, o já citado Osíris é o deus do submundo, responsável pelo julgamento final dos seres humanos. Além disso, ele seria avesso a barulho e teria ordenado o completo silêncio em seus domínios — tanto é que também era chamado de "O Senhor do Silêncio", aponta o Science Alert. Desta forma, a língua de ouro seria uma forma de garantir que a pessoa que morreu pudesse se comunicar com Osíris sem fazer ruídos. 

Conforme a egiptóloga paquistanesa Salima Ikram, repercutida pelo portal Live Science, existem registros de múmias enterradas com olhos de ouro, além da língua. O que garantiria a elas uma experiência ainda melhor no mundo dos mortos: "permitiriam que o falecido falasse, visse e saboreasse a vida após a morte".

No Antigo Egito, o ouro não era um material escasso e era visto como "a carne dos deuses" pela antiga civilização, descreve Ikram. O que significava que a substituição das partes do corpo humano pelo metal também pudesse simbolizar "manifestações da transformação dos mortos em seres divinos".