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Matérias / Sniper Americano

Sniper Americano: Veja o personagem do filme que não existe na vida real

Embora baseado na autobiografia do atirador Chris Kyle, nem tudo mostrado em ‘Sniper Americano’ condiz com a realidade

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 16/06/2024, às 12h00 - Atualizado em 17/06/2024, às 18h59

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Cena de 'Sniper Americano' - Warner Bros. Pictures
Cena de 'Sniper Americano' - Warner Bros. Pictures

Dirigido pelo lendário Clint Eastwood em 2014, o filme 'Sniper Americano' é baseado na controversa autobiografia de Chris Kyle, "American Sniper: The Autobiography of the Most Lethal Sniper in U.S. Military History", que conta a história do atirador militar mais letal que os Estados Unidos já teve

Embora essa informação jamais tenha sido confirmada pelo Exército norte-americano, acredita-se que Chris Kyle tenha matado pelo menos 160 pessoas enquanto fez parte do Seals (grupo de soldados de elite) que atuava no Iraque. 

O atirador de elite Chris Kyle - Divulgação / vídeo / Youtube / Team Coco

Estrelado por Bradley Cooper, 'Sniper Americano' foi indicado a seis categorias do Oscar (vencendo apenas 'Melhor Edição de Som') e faturou 547,3 milhões de dólares em bilheterias de todo o mundo; se tornando o filme de guerra de maior arrecadamento de todos os tempos. 

Apesar de usar a própria biografia de Kyle como fonte, nem tudo mostrado em 'Sniper Americano' condiz com a realidade. Em entrevista à Time, por exemplo, o roteirista Jason Hall revelou que Mustafa, o antagonista da trama, é uma invenção para agregar "efeitos dramáticos", algo muito comum em filmes baseados em histórias reais. Entenda!

Vilão inventado

Todo filme que cria seu herói, também precisa apresentar o seu vilão. E Clint Eastwood trouxe a Mustafa esse papel. Sempre alerta, ele é sorrateiro. Praticamente invisível, mas fatal. 

Mustafa é mau, certeiro, com uma precisão impecável capaz de acertar um inimigo a centenas de metros. No filme, suas habilidade são descritas como a de um medalhista olímpico. Mas apesar de ser fundamental para a trama, ele não existiu fora das telas.

É incontestável que os norte-americanos tenham enfrentado atiradores de elite durante sua campanha no Iraque. No seu próprio livro, Chris Kyle narra que um de seus amigos foi morto por um sniper inimigo. Mas as semelhanças entre ficção e realidade terminam por aí.

Mustafa (Sammy Sheik) em 'Sniper Americano' - Warner Bros. Pictures

Mesmo com a falta de veracidade, 'Sniper Americano' instigou seu público, que passou a se interessar pelas histórias reais por trás da trama. Um desses casos, descreve matéria do UOL, foi o de Nicholas Wolaver, membro da Associação de Historiadores Olímpicos (ISOH, em inglês).

Em busca de registros olímpicos, o pesquisador curioso descobriu que a Síria, o país de Mustafa, conquistou apenas três medalhas na história dos Jogos Olímpicos. E nenhuma delas foi para um praticante de tiro: uma prata em Luta Livre (Los Angeles, 1984); um bronze no Boxe (Atenas, 2004) e um ouro no Atletismo (Atlanta, 1996). 

É fato, porém, que a nação teve um representante olímpico no tiro, mas nada que enchesse os olhos como um vilão digno para Kyle. Afinal, o atleta Mohamed Mahfoud participou das Olimpíadas de Sydney em 2000, mas ficou na última colocação entre 53 competidores

Para encerrar a discussão de uma vez por todas, Nicholas Wolaver chegou até mesmo enviar uma mensagem para o Comitê Olímpico da Síria questionando a opinião deles sobre Mustafa. 

A resposta foi assinada pelo presidente da instituição: "asseguramos a você que o mencionado atirador olímpico em 'Sniper Americano', chamado de Mustafa, é apenas um personagem de ficção", dizia um trecho da mensagem, repercutida pelo UOL. 

"[O personagem] é uma tentativa de envolver atletas em política e na atual situação da Síria, embora nós acreditemos firmemente que o esporte deva estar separado da política e da guerra", continuava a mensagem. 

Este personagem é tão somente uma propaganda midiática para distorcer o movimente olímpico na Síria, o que condenamos", finaliza. 

Possível inspiração 

Mas outra versão aponta que Mustafa pode não ter sido totalmente ficcional, sendo levemente inspirado em Juba: pseudônimo de um atirador anônimo que fez parte do Exército Islâmico no Iraque envolvido na insurgência iraquiana.

Entre 2005 e 2007, se tornaram muito populares vídeos de Juba durante tiroteios. Segundo repercutiu a Reuters, um desses vídeos mostrava o atirador contando suas baixas: 37 mortes, até então. 

Por seu papel na luta contra os militares norte-americanos no Iraque, Juba teria se tornado uma espécie de herói popular entre os iraquianos. Mas, por fim, vale ressaltar que a própria existência de Jubaé controversa

Em artigos, a ABC News e o The Washington Post, por exemplo, repercutiram as especulações de que Juba não seria uma única pessoa, mas o pseudônimo usado por vários atiradores. Os números de mortes alegadas a ele também é alvo de debate, visto que nem todas foram verificadas.