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Matérias / Cuba

Sorvete Estatal: A história da curiosa sorveteria criada por Fidel Castro

Para provocar os Estados Unidos durante a Guerra Fria, Cuba criou uma sorveteria megalomaníaca a preços populares

Izabel Duva Rapoport Publicado em 05/03/2023, às 17h00

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Fotografia meramente ilustrativa - Divulgação/ Freepik/ Licença livre
Fotografia meramente ilustrativa - Divulgação/ Freepik/ Licença livre

Entre as paixões de Fidel Castro, duas eram notáveis: superar os Estados Unidos e consumir produtos lácteos. Segundo o escritor colombiano Gabriel Garcia Márquez, em certa ocasião o revolucionário cubano teria terminado o almoço com 18 bolas de sorvete.

Não à toa, nos anos 1960, ficou pessoalmente abalado com o corte do fornecimento de laticínios estadunidenses para Cuba e pediu ao seu embaixador no Canadá que lhe enviasse os 28 sabores de sorvete da então maior marca da América, Howard Johnson’s.

Em resposta ao corte, numa escala revolucionária, resolveu colocar em prática a construção da maior sorveteria do mundo, iniciada em 1966. À frente do enorme projeto estava Celia Sanchez, uma das principais assessoras e confidentes do governo cubano, que chamou o arquiteto Mário Girona, grande amante do trabalho de Oscar Niemeyer, para criar e conduzir a obra.

Um dos primeiros esboços do projeto / Crédito: Divulgação/ Wikimedia Commons

Foi ela também que deu nome ao lugar: Coppelia, uma homenagem ao seu balé favorito, destacado na logomarca e no uniforme dos atendentes. Para dar conta de receber os mil clientes que ocupariam a sorveteria ao mesmo tempo, Castro não mediu esforços: maquinários vieram da Suécia e da Holanda e o gado leiteiro da Inglaterra, já que os zebus cubanos não produziam leite.

Porém, para o azar dos rebeldes, os animais não se adaptaram ao calor de Cuba. Cruzamentos forçados foram feitos até criarem o único exemplar de uma nova raça de vaca chamada Ubre Blanca (“Úbere Branco”), que entrou para o Guinness em 1982 ao produzir mais de cem litros de leite num único dia.

Antes da revolução, o povo cubano amava o sorvete de Howard Johnson’s. Esta foi a nossa maneira de mostrar ao mundo que podemos fazer tudo melhor que os americanos”, disse Fidel a um jornalista no auge da sorveteria estatal.
Fotografia do logo de Coppelia / Crédito: Divulgação/ Wikimedia Commons

Anos depois, o animal adquiriu câncer e os cubanos tiveram que sacrificá-lo. Seus restos mortais foram preservados e embalsamados numa caixa de vidro para estudos científicos, especialmente com foco em clonagem.

Por ordem de Fidel, uma estátua de sua amada vaca foi produzida e instalada na cidade cubana Nueva Gerona, recebendo a atenção de quem passa por lá — assim como a sorveteria, que segue ativa e com longas filas.

Confira abaixo um vídeo mostrando o estabelecimento por dentro: