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Matérias / Dom Pedro I

‘A Viagem de Pedro': Filme rompe com a imagem heroica de Dom Pedro I

Mais lidas: Com fotografia e figurino arrebatadores, 'A Viagem de Pedro' se inspira na saga do símbolo da Independência do Brasil

Isabelly de Lima, sob supervisão de Wallacy Ferrari Publicado em 24/08/2022, às 18h00 - Atualizado em 28/08/2022, às 18h00

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Cauã Reymond no papel de Dom Pedro I - Reprodução / Vitrine Filmes e Globo Filmes
Cauã Reymond no papel de Dom Pedro I - Reprodução / Vitrine Filmes e Globo Filmes

Em 7 de setembro será comemorado o bicentenário da Independência, e para as celebrações da importante data, no dia 1º de setembro será lançado o filme ‘A Viagem de Pedro’, que relata o período em que Dom Pedro I estava indo à Portugal para disputar o trono de Portugal com seu irmão, a fim de colocar sua filha Maria da Glória (Luiza Gattai) como monarca do país europeu.

O longa é um prato cheio para quem gosta de história, até mesmo polêmico, se assim podemos dizer. A diretora Laís Bodanzky utilizou do fato de que não há muitos relatos sobre esse período da vida do imperador para abusar e explicitar supostos eventos durante o trajeto até Portugal.

Na trama, Dom Pedro está saindo do Brasil, e de certa forma, é expulso do país por julgamento de seu povo. Os brasileiros o acusam de ganância, por querer governar dois impérios, o que afeta seu humor, pois ele muito batalhou para tornar a nação independente e livre. Em Portugal, é visto como um traidor, por ter escolhido o lado brasileiro e por ter livrado o povo das mãos da realeza portuguesa.

Focada em torno da mente de Dom Pedro, a história traz um personagem profundo, que sofre com a rejeição de seu povo e com culpa pela morte da imperatriz Leopoldina (Luise Heyer), ao mesmo tempo em que tenta manter sua imagem. A dor de deixar sua família é também visível, já que deixa o futuro Dom Pedro II, com apenas 5 anos, no Brasil.

Lado obscuro

A diretora se arrisca ao exibir ao público uma imagem diferente do que nós conhecemos do “grande herói” da pátria; no decorrer da trama, vemos um Pedro mais real, que possui diversas falhas, principalmente através das mudanças de tempo e espaço, que revelam um monarca mulherengo e ganancioso, resultando em uma relação complicada com Leopoldina, a quem agride de forma verbal, mental e física.

A atuação de Cauã Reymond é impecável, realçando a qualidade do ator, que vai de momentos de extrema paixão à extrema fúria em minutos, o que faz com que o público sinta tudo que o personagem está sentindo.

Cena do longa 'A Viagem de Pedro' - Foto: Reprodução / Vitrine Filmes e Globo Filmes

Em entrevista ao Jornal do Brasil, a diretora Laís Bodanzky comentou sobre essa identificação com o público:

A gente geralmente conhece os personagens históricos, heroicos, tudo o que deu certo na trajetória deles. A ideia era desconstruir esses heróis, mostrando suas fragilidades, angústias, contradições, erros, culpas”.

Na viagem, Pedrocomeça a ter sinais de loucura enquanto luta com sintomas da sífilis, o que o abala muito psicologicamente. Um monarca que chegou a ter 16 filhos e sempre foi conhecido por seus diversos casos amorosos se vendo com impotência sexual, principalmente em uma época que a virilidade era sinônimo de poder, faz com que o imperador se sinta derrotado, em todos os aspectos de sua vida.

Aspectos sociais

Além da mente de Dom Pedro I, outro aspecto muito bem trabalhado no longa é a ambientação da trama, em que, além de mostrar as opiniões do monarca e seus conflitos pessoais, evidencia também conflitos sociais, tal como a escravidão, que é amplamente explorada na narrativa, incluindo referências à religião africana e músicas características dos grupos de escravos.

Os tripulantes da navegação são a maioria serviçais escravos, que sonham em chegar à Europa para serem livres, o que fica explícito no desejo da personagem Dira (Isabél Zuaa) que almeja a liberdade e que, de certa forma, se entrega por um breve momento aos encantos de Pedro.

‘A Viagem de Pedro’ é uma produção importante para o conhecimento da história, e também para a desconstrução de opiniões. No filme, a trama inicia e se encerra com a analogia de uma estátua com as perguntas “a que custo?” e “para ser adorado por quem?”, então, a passagem nos faz refletir acerca da história e seus altos preços, não somente financeiros, mas emocionais.