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Matérias / Curiosidades

A vida tumultuada de John McAfee, o criador do antivírus

Anos após a criação do primeiro antivírus, John McAfee se encontrou em momentos bem turbulentos em sua vida

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 07/08/2023, às 17h38 - Atualizado em 08/08/2023, às 13h19

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John McAfee, considerado o criador do antivírus - Getty Images
John McAfee, considerado o criador do antivírus - Getty Images

Hoje, a vida de grande parte das pessoas em todo o mundo ocorre dentro do espectro digital, de maneira que é cada vez mais comum a utilização de documentos e contas bancárias, por exemplo, em celulares e tablets. E com isso, a segurança digital se faz cada vez mais importante, de maneira que, a cada ano, uma segurança a mais que deve sempre se atualizar é a de aplicativos e serviços de antivírus.

Porém, enquanto grande parte das pessoas acredita que os antivírus surgiram em um contexto bastante recente, visto que a própria vivência digital ainda é consideravelmente nova na história humana, a verdade é que essa tecnologia existe há bastante tempo. Mais precisamente, desde 1987, quando o programador de computadores britânico John McAfee fundou uma das empresas pioneiras na segurança digital: a McAfee.

Embora seja creditado por muitos como o "pai" do antivírus, de maneira que se espera que alguém com tal título tenha alcançado glórias e sucesso em sua vida, a verdade é que a história de John McAfee teve infortúnios, sendo bem mais agitada que o esperado para um grande nome da tecnologia como ele. 

O britânico John McAfee
O britânico John McAfee / Crédito: Getty Images

Suspeito de assassinato?

Após a criação da empresa McAfee, o programador britânico não demorou até colher os frutos da tecnologia inovadora e essencial da qual foi um dos pioneiros. Logo, não é surpreendente que, anos depois, ele se tornou influente na área, além de muito rico.

Porém, em 2012 ele se depararia com um infortúnio que começaria a colocar ainda mais agitação em sua vida: ele foi preso pela polícia de Belize, no Caribe, acusado de portar arma de fogo não registrada e também drogas. No entanto, a confusão não pararia por aí: no mesmo ano ele também seria detido na Guatemala, para onde fugiu depois de seu vizinho, Gregory Faull, ter sido encontrado morto a tiros em sua própria residência.

Como McAfee era vizinho, e já havia se envolvido com posse de armas ilegais, rapidamente ele foi apontado como um possível suspeito para o crime. E essa ideia ganhou ainda mais força depois que as autoridades descobriram, também, que Faull já havia prestado queixa contra os cães do programador, alegando que um dos animais atacou um turista.

Depois da derradeira prisão de McAfee na Guatemala, muita gente acreditou que o caso seria simples, e ele rapidamente seria encaminhado a julgamento, onde também declarariam sua culpa no assassinato de Gregory Faull. Porém, dentro de apenas uma semana ele foi solto e finalmente autorizado a voar, livremente, de volta para Miami, nos Estados Unidos.

Fotografia de 2012 de John McAfee
Fotografia de 2012 de John McAfee / Crédito: Fotografia de 2012 de John McAfee

Recomeço 

Desde que voltou aos Estados Unidos, John McAfee se viu com apenas uma missão: tentar ganhar mais dinheiro. Por isso, começou a investir em outros ramos, como o de criptomoedas — que teve um fim desastroso após ter sido hackeado —, e até mesmo tentou lançar-se em carreira política, mas sem sucesso.

Porém, o assassinato de Gregory Faull continuaria perseguindo-o. Em 2019, um tribunal da Flórida ordenou que McAfee pagasse US$ 25 milhões — mais de R$ 120 milhões na cotação atual — ao espólio de Faull, em uma ação por homicídio culposo (quando não há intenção de matar).

Espanha e extradição

Apesar das turbulências, John McAfee ainda se encontrava, segundo registros dos promotores do Tennessee, bem financeiramente. Porém, ele foi preso mais uma vez, em 2020, quando estava na Espanha, prestes a embarcar em um avião rumo à Turquia. Na ocasião, foi acusado de não fazer declarações fiscais adequadamente, e era estipulado que ele devia, em impostos, um valor de US$ 4.214.105,00, conforme descreveu a BBC.

Nesse período na Espanha, a Comissão de Segurança e Câmbio (SEC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos ainda acusou John McAfee de praticar fraude e lavagem de dinheiro pelo uso de mídias sociais na promoção de criptomoedas. E foi assim que um longo processo por sua extradição à América teria início — o que ele não queria, alegando que seria morto logo que pisasse no país e que tudo era parte de um jogo político onde queriam apagá-lo.

Eventualmente o Tribunal Nacional da Espanha concluiu que "não havia provas reveladoras" de que o processo realmente era carregado de razões políticas ou ideológicas e, finalmente, a extradição de John McAfee aos Estados Unidos foi autorizada.

O programador e empresário John McAfee em sua prisão, em 2012
O programador e empresário John McAfee quando foi preso em 2012 / Crédito: Getty Images

Morte suspeita

O que muitos descreviam como paranoia de McAfee, por sua vez, revelou-se como o início de um destino trágico. Isso porque, no dia 23 de junho de 2021, somente algumas horas depois de sua chegada, ele foi encontrado morto em sua cela — seu advogado alegou que devido a um suicídio —, encerrando assim a história de um homem que, apesar de genial e visionário, teve uma vida envolta em incontáveis e tensas controvérsias.