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Matérias / Bento XVI

Falecido há um ano: Por que Bento XVI renunciou?

Bento XVI, que morreu aos 95 anos, em 31 de dezembro de 2022, abdicou do cargo em 2013. Mas o que levou ele a tomar inesperada decisão?

Redação Publicado em 20/03/2021, às 07h00 - Atualizado em 28/12/2023, às 13h32

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Registro de Bento 16 ainda no cargo - Getty Images
Registro de Bento 16 ainda no cargo - Getty Images

Há exato um ano, em 31 de dezembro de 2023, o Vaticano anunciou a morte do papa emérito Bento XVI, aos 95 anos. "É com pesar que informo que o Papa Emérito Bento XVI faleceu hoje às 9h34 [5h34 no horário de Brasília] no Mosteiro Mater Ecclesiae no Vaticano".

O velório do religioso foi realizado, dias depois, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, por onde passaram milhares de fiéis. Escolhido papa em 19 de abril de 2005, Joseph Ratzinger — seu nome de batismo — ocupou o cargo mais importante da Igreja Católica até sua renúncia em 11 de fevereiro de 2013. Mas o que levou ele a tomar tal decisão?

A renúncia

Em 2013, Bento 16 se tornou o primeiro a renunciar seu cargo em quase 600 anos de história da Igreja Católica, e uma quebra de tradição dessa magnitude justamente em uma instituição conhecida por preservar seus costumes ao longo dos séculos, naturalmente, impactou o mundo. 

Os motivos por trás da decisão do pontífice foram às “exigências físicas e mentais do cargo”, combinadas à “fragilidade” conferida a Bento por conta de sua idade avançada (na época, o papa já estava com 86 anos), segundo revelado pelo mesmo no discurso seguinte ao seu anúncio inesperado, e repercutido pelo G1 na época. 

Foi assim que, 8 anos após assumir o papado, Joseph Alois Ratzinger deixou seu cargo e foi substituído pelo pontífice atual, o Papa Francisco

Fotografia de Papa Francisco / Crédito: Divulgação 

Todavia, como todo fato que impressiona, a renúncia súbita de Bento XVI acabou gerando especulações e teorias conspiratórias. Uma delas, por exemplo, fala a respeito de como a decisão do católico não teria sido voluntária.

Entre fatos e mitos

Um ano antes da renúncia deBento ocorreu o famoso escândalo Vatileaks, em que documentos sigilosos da cidade-estado do qual o Papa é líder foram vazados para o público. 

Um desses documentos secretados revelaram a existência de um “lobby gay”, isso é, um grupo de altos funcionários do Vaticano que supostamente se envolviam com esquemas de corrupção e acobertamento de padres que cometeram atos de pedofilia (o nome do órgão viria justamente daí, uma vez que ele teria considerado que esses religiosos criminosos eram em maioria homossexuais). 

O lobby gay foi trazido à tona após o anúncio de saída de Bento XVI pelo jornal La Repubblica e pela revista Panorama, segundo divulgado pelo G1 na época, com um porta-voz do Vaticano, o padre Federico Lombardi, chamando o conteúdo de ambos esses artigos de “especulações, fantasias e opiniões”. 

Fotografia de papa Bento 16 / Crédito: Wikimedia Commons 

Segundo teorizado por esse veículo, o lobby gay, que teria grande poder de decisão dentro da instituição religiosa, teria sido um dos grandes responsáveis a pressionar pela saída do pontífice. 

O que disse Bento 16?

No livro “As Últimas Conversas”, lançado pelo pontífice em 2016, ele explicou que o grupo chamado publicamente de “lobby gay” de fato procurou influenciar algumas das decisões da instituição, porém nenhum desses esforços foi relativo à sua renúncia. As informações foram documentadas pela Superinteressante na reportagem de 2017.

Vale lembrar também que Bento XVI era o líder à frente da Igreja Católica durante esses escândalos de pedofilia, e recebeu diversas críticas por não ter se manifestado suficientemente a respeito - o que enfraqueceu sua reputação. 

Assim, as tensões da época, por si só, também são capazes de justificar a saída do pontífice. Inclusive, em um livro anterior do religioso, que se chamava “Luz do Mundo: O Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos” e foi lançado em 2010, Bento comentou que caso não achasse que estava à altura do cargo poderia renunciar eventualmente, o que mostra que essa sempre foi uma possibilidade para ele.

Ao veículo Corriere dela Sera, da Itália, o Papa Emérito comentou sobre o assunto que ainda gera teorias. Ele disse ter desistido do cargo pela idade avançada.

Bento sabia do 'fardo' que carregou, já que se tornou primeiro a tomar tal atitude em quase 600 anos. "Foi uma decisão difícil", desabafou, "mas tomei-a em plena consciência, e acredito que fui muito bem”. Todavia, pessoas próximas ao religioso se irritaram com a decisão que chocou o mundo.

 (Eles) acreditam nas teorias de conspiração. Alguns disseram que (a aposentadoria) foi por causa do escândalo Vatileaks, outros por causa de um complô do lobby gay, outros ainda devido ao caso do teólogo conservador Lefebvrian Richard Williamson. Eles não querem acreditar em uma escolha feita conscientemente. Mas a minha consciência está limpa", explicou Joseph Ratzinger.