Registro do uso moderno do LSD - SimmeD, via Creative Commons
Drogas

Neste dia, em 1938, o LSD era sintetizado pela primeira vez

Os curiosos bastidores do momento em que Albert Hofmann relatou os efeitos do LSD

Letícia Yazbek Publicado em 19/04/2020, às 07h00 - Atualizado em 16/11/2022, às 09h40

Em 16 de novembro de 1938, o químico suíço Albert Hofmann fez uma grande descoberta. E depois a engavetou. Naquele dia, ele sintetizou o LSD a partir de derivados do ácido lisérgico. O objetivo era utilizar o produto como um estimulante circulatório e respiratório. Hofmann era funcionário de uma indústria de medicamentos, o Laboratório Sandoz, e procurava por novos produtos farmacêuticos.

Como o LSD não servia como medicamento, a pesquisa foi esquecida até 16 de abril de 1943, quando Hofmann decidiu retomar o assunto. Ao sintetizar a substância novamente, ele acidentalmente levou as mãos ao rosto, ingerindo uma pequena quantidade. E assim descobriu, na prática, os efeitos do LSD.

No livro LSD: My Problem Child, publicado em 1979, Hofmann descreveu o que sentiu: “Fui obrigado a interromper o trabalho no meio da tarde e ir para casa, enquanto eu era tomado por uma grande inquietação associada a uma leve tontura. Em casa, eu me deitei e me afundei em uma espécie de intoxicação que não era desagradável, caracterizada por uma atividade extrema da imaginação. Em um estado surreal, de olhos fechados, surgiu sobre mim um fluxo ininterrupto de imagens fantásticas e formas extraordinárias, acompanhadas por um grande caleidoscópio de cores.”

Albert Hofmann / Crédito: Wikimedia Commons

 

Três dias depois, em 19 de abril, Hofmann resolveu ingerir a droga intencionalmente para determinar seus efeitos de maneira mais científica. Ele engoliu 250 microgramas da substância, quantidade que previu ser uma dose limite – bem maior do que a dose limite atual, de 20 microgramas.

Como era de se imaginar, as consequências foram dramáticas. Assustado com as alterações intensas da percepção, Hofmann pediu que seu assistente o levasse para casa. As restrições por causa da Segunda Guerra Mundial impediam o uso do carro, então eles tiveram que ir de bicicleta. No trajeto, o pesquisador lutava contra sentimentos de ansiedade e euforia, chegando a acreditar que estava ficando louco. Ao chegar em casa, se jogou no sofá e chamou o médico da família.

Hofmann em 2006, aos 100 anos de idade / Crédito: Wikimedia Commons

 

“Tudo na sala girava, e os objetos e móveis assumiram formas grotescas e ameaçadoras. Eles estavam em constante movimento, como se estivessem tomados por uma inquietação interna. A vizinha do lado não era mais Mrs. R., mas uma bruxa malévola, que usava uma máscara colorida.”

Após examinar Hofmann, o médico afirmou que todos os sinais vitais estavam normais, a não ser pelos olhos extremamente dilatados. Então, Hofmann dormiu – acordou várias horas depois, com “uma sensação de renovação e bem-estar”.

Desde então, o dia 19 de abril ficou marcado como o dia em que Albert Hofmann andou de bicicleta sob os efeitos do LSD. Em 1989, nos Estados Unidos, se tornou o Dia Mundial da Bicicleta. Hoje, o dia é comemorado com ações que incentivam o uso da bicicleta e promovem a mobilidade urbana.

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