Fotografia do local de escavação em Boğazköy-Hattusha, na Turquia - Divulgação/Deutsches Archäologisches Institut/Andreas Schachner
Arqueologia

Antigo idioma indo-europeu é descoberto em escavações na Turquia

Registro foi encontrado na antiga capital do Império Hitita, marcado por grande interesse em línguas estrangeiras

Redação Publicado em 23/09/2023, às 09h30

Escavações no sítio de Boğazköy-Hattusha, capital do antigo Império Hitita — povo indo-europeu que viveu milênios atrás — e uma das grandes potências da Ásia Ocidental ao fim da Idade do Bronze, na atual Turquia, revelaram uma descoberta surpreendente: uma língua até então desconhecida. O achado foi feito graças a uma tábua cuneiforme escavada, que continha o tal registro.

A descoberta foi divulgada na última quinta-feira, 21, pela Universidade de Wurtzburgo, da Alemanha. Vale mencionar ainda que o sítio de Hattusha é considerado, desde o ano de 1986, um Patrimônio Mundial da Unesco.

Segundo a própria Unesco, a antiga capital se destaca principalmente por sua organização urbana e "pelos tipos de construção que foram preservados (templos, residências reais, fortificações)". Sua influência, por sua vez, se espalhou por toda a região da Anatólia e do norte da Síria, por volta de 2 mil a.C.

O local em si já é uma descoberta antiga, sendo palco de escavações há quase um século. Ao todo, somente sob o comando do Instituto Arqueológico Alemão, já foram escavadas quase 30 mil tabuletas de argila com escrita cuneiforme, estas que "fornecem informações ricas sobre a história, a sociedade, a economia e as tradições religiosas dos hititas e dos seus vizinhos", conforme comunicado pela Universidade de Wurtzburgo.

Interesse em línguas estrangeiras

De acordo com a Heritage Daily, a maioria dos textos descobertos em Hattusha está escrito em hitita, considerada a língua indo-europeu mais antiga conhecida. No entanto, uma escavação recente revelou uma tábua cuneiforme contendo o texto de um ritual, mas curiosamente em um dialeto desconhecido.

Daniel Schwemer, especialista no antigo Oriente Próximo da Universidade de Wurtzburgo, explica que o texto pode se referir a uma antiga língua da terra de Kalašma, uma área localizada na borda noroeste do Hitita. E a existência do registro ali naquela região possui uma explicação:

Os hititas estavam exclusivamente interessados ​​em registrar rituais em línguas estrangeiras. Esses textos rituais, escritos por escribas dos hititas, refletem várias tradições e ambientes linguísticos da Anatólia, da Síria e da Mesopotâmia. Os rituais fornecem vislumbres valiosos das paisagens linguísticas pouco conhecidas da Anatólia da Idade do Bronze Final, onde não apenas o hitita era falado", afirma Schwemer.

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No momento, o idioma ainda precisa ser mais estudado, sendo ainda incompreensível em grande parte, mas sabe-se que ele pertence à família de línguas indo-europeias da Anatólia, compartilhando características com o luvita, de acordo com a professora Elisabeth Rieken, da Universidade de Marburgo. Agora, novos estudos devem ser desenvolvidos, para relacionar a língua a outros dialetos da região ao fim da Idade do Bronze.

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