Imagem ilustrativa com macaco-rhesus - Foto por Rajesh Balouria pelo Pixabay
Animais

Estudo descobre bissexualidade generalizada em comunidade de macacos

Pesquisa atesta que prática sexual entre machos é comum, hereditária e pode trazer benefícios aos animais; entenda!

Éric Moreira, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 11/07/2023, às 11h29 - Atualizado em 13/07/2023, às 13h41

Ainda hoje, falar sobre homossexualidade é considerado um grande tabu em algumas sociedades, sendo até mesmo considerado crime em certos países. Porém, embora muito se tente desnaturalizar as relações sexuais entre indivíduos do mesmo sexo, análises de um grupo de macacos-rhesus constatou que o comportamento é bastante comum no reino animal, podendo muitas vezes até mesmo trazer benefícios a indivíduos.

Segundo um estudo conduzido por cientistas da Imperial College London, no Reino Unido, e publicado na revista Nature Ecology and Evolution, uma colônia selvagem de macacos-rhesus foi observada ao longo de três anos na ilha de Cayo Santiago, em Porto Rico, para o recolhimento de dados. 

Além disso, também foram observadas a conduta dos animais e foram realizadas análises genéticas nos animais, sem contar que os pesquisadores tiveram acesso a registros de pedigree — o diagrama genealógico de um animal — dos espécimes, que detalhavam parentescos entre eles desde 1956.

Descobrimos que a maioria dos machos era bissexual em seu comportamento, e que a variação na atividade do mesmo sexo era hereditária. Isso significa que o comportamento pode ter uma base evolutiva", afirma Jackson Clive, do Georgina Mace Centre for the Living Planet da Imperial College London em nota.

O pesquisador ainda acrescenta: "Também descobrimos, por exemplo, que os machos que montavam uns nos outros também eram mais propensos a apoiar uns aos outros em conflitos. Talvez esse possa ser um dos muitos benefícios sociais da atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo."

Macaco-rhesus / Crédito: Foto por Bishnu Sarangi pelo Pixabay

 

Benefícios sociais

Para o estudo, foram analisados 236 machos de uma colônia de cerca de 1,7 mil indivíduos de macacos-rhesus. Destes, conforme apontado pela Revista Galileu, 72% se envolviam em práticas sexuais também com machos, e 46% se engajavam em práticas apenas com fêmeas.

Porém, o mais surpreendente foi a revelação do estudo de que essas relações entre machos fomentavam a formação dos chamados "laços de coligação". Com isso, machos que se envolvem sexualmente com outros machos se tornam mais propensos a se apoiarem em conflitos, o que proporciona maior vantagem ao grupo.

Além do mais, também foi constatado que os machos que possuem tais hábitos sexuais ainda apresentavam maior taxa de sucesso reprodutivo.

Outro elemento descrito no estudo descoberto foi a evidência de uma possível relação genética com a prática. Análises de pedigree mostram que o comportamento é 6,4% hereditário, o que se opõe à ideia de que a prática sexual entre indivíduos do mesmo sexo "desafia a natureza e a evolução", conforme afirmam os autores.

Por fim, a equipe também observou que não havia correlação genética entre machos que mais montavam ou eram montados, ou seja, esses subcomportamentos podem ter uma base em comum. Além disso, a posição também não se relaciona ao status no grupo do indivíduo, de forma que as relações não se baseiam em uma afirmação de lugar na hierarquia.

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