Suharto no fim da vida - Reprodução
Ásia

Há 21 anos, o Presidente Suharto, da Indonésia, renunciava o cargo por pressões populares

O então ditador da Indonésia sai da presidência, depois de 32 anos governando, após o assassinato de estudantes da Universidade de Trisakti

André Nogueira Publicado em 21/05/2019, às 15h00 - Atualizado às 20h00

Nascido no centro cultural javanês em plena colônia holandesa das Índias Orientais, General Suharto foi presidente da Indonésia desde 1966. Assumiu o poder após um golpe de Estado que retirou o presidente vitalício Sukarno, um nacionalista islâmico marxista ligado ao Movimento do Não-Alinhamento. O golpe de Suharto deu início a um grande massacre contra minorias e comunistas, um genocídio que matou entre 500 mil e 1,5 milhão de pessoas entre 1965 e 1966.

Ao assumir a presidencia da Indonésia, Suharto deu início a um inovador governo de centralização política e econômica. A Indonésia é um verdadeiro mosaico de identidades, línguas e culturas, fazendo da centralização nacional um desafio complicado. A administração do arquipélago foi marcada pela completa repressão de movimentos locais, separatistas ou identitaristas, além de dissidentes políticos e forças religiosas perigosas. Seu governo também foi responsável pela invasão indonésia do Timor Leste.

General Suharto e presidente Sukarno, antes do golpe / Crédito: Reprodução

 

A unidade nacional e o fechamento do poder de Suharto o tornou um ditador. Alinhando-se ao Poder Legislativo, ele construiu em volta de si um Estado forte e anulou a oposição, mantendo somente o que chamou de “oposção tolerada”.

Em termos econômicos, o governo Suharto foi responsável por um grande ganho de poder aquisitivo do Estado e estabilização da economia nacional. O país enriqueceu muito, mas a concentração de renda acompanhou o crescimento.

Seu governo foi marcado, principalmente, pelas ilicitudes do complô pessoal que formou em volta do cargo da presidencia. Com o crescimetno econômico da Indonésia, Suharto pessoalmente enriqueceu em níveis inimagináveis. Em volta de si, criou uma cúpula de poderosos que aproveitavam da situação, assumindo monopólios estatais e cargos de influência para benefício próprio. A corrupção fortaleceu-se e tomou proporções sistemáticas nos 30 anos de seu governo.

Presidente Suharto e seus generais / Crédito: Reprodução

 

O capital político de Suharto foi sendo desgastado com o passar dos anos. Os esquemas de corrupção e a repressão política o faziam perder constantemente capacidade de governo. O estopim da crise de seu governo se deu com a crise econômica iniciada em 1997, com a Crise Monetária Asiática.

Na época, a Tailândia converteu o capital nacional ao sistema de câmbio flutuante, gerando uma reação em cadeia entre os Tigres Asiáticos de desvalorização da moeda, arrocho de crédito e mudança dos fluxos de capital. Com isso, a glória econômica de Suharto era insustentável.

Os anos 1990 foram marcados por manifestações e exigencias de renúncia do ditador. Uma das principais, que levou ao mundo a situação da ignorada Indonésia, ocorreu em 12 de maio de 1998, quando milhares de estudantes de classe alta se concentraram no campus da Universidade Privada de Trisakti, próxima à Jacarta, pedindo a renúncia do presidente.

Suharto e Richard Nixon (EUA) / Crédito: Reprodução

 

A manifestação marchou até o Parlamento, onde a concetração entrou em conflito com as Tropas Antidelinquência do governo. Na situação, pelo menso 5 estudantes morreram e muitos saíram feridos, manchando mais uma vez a imagem pública de Suharto. No mesmo dia, houve uma violenta repressão a estudantes numa manfestação na cidade de Ujungpandang, essa porém, não ganhou muito destaque.

O ocorrido em Jacarta foi o golpe final do governo de corrupção e violência que durou mais de 30 anos na Indonésia. No dia 21 de maio de 1998, após anos de resistência, o presidente Suharto renuncia ao seu cargo, assumindo o vice Jusuf Habibie, que dá inicio ao período de transição para um sistema de cargos por mandato.

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