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Diplomacia de aventura

Britânico narra experiência de gerenciar província no Iraque

Fábio Marton Publicado em 08/12/2009, às 04h37 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

Rory Stewart é uma espécie de Lawrence da Arábia contemporâneo. Nascido em Hong Kong em 1973, passou a infância entre a Malásia, o Vietnã e a terra de seus pais, Escócia. Formou-se em História e Filosofia em Oxford e em 1997, com apenas 24 anos, já ocupava um cargo diplomático na Indonésia. Em setembro de 2003, aos 30 anos e com a experiência de ter caminhado a pé 9 mil quilômetros entre Afeganistão, Paquistão e Índia, o diplomata aventureiro foi encarregado de coordenar a formação de um governo provisório iraquiano na esquentadíssima região xiita de Maysan, na fronteira com o Irã. Meses depois, acabou transferido para a ainda mais violenta Dhi Qar, onde ficou até junho de 2004. O cargo de Rory, coordenador da governadoria, dava a ele o poder de definir quem recebia verbas. A experiência é narrada em seu livro Acidentes de Trabalho - Meu Governo no Iraque (Record).

Uma das personalidades mais marcantes com quem Rory deparou é um bom exemplo das dificuldades em reorganizar um país ocupado desde 2003, quando as forças ocidentais lideradas pelo Exército americano atacaram. Apelidado "príncipe do pântano", Abu Hatim não era príncipe, e sua tribo, em quem nem ele confiava totalmente, não vivia em pântanos fazia muito tempo. Figura complexa, mudava de atitude ao sabor da ocasião - assim como todos os outros 24 líderes do conselho que Rory tinha de gerir. Diante de tantos grupos religiosos e tribos seculares, com interesses conflitantes e muitas vezes incoerentes aos olhos ocidentais, ele fez o possível para estabelecer um governo iraquiano semi-independente na região de Maysan. Em Dhi Qar, seu escritório foi cercado e atacado com morteiros durante três dias, sem que o governo central em Bagdá parecesse capaz de interferir. Ao ir embora, admitiu que o resultado final de seu trabalho estava muito longe do inicialmente esperado: "Não era o tipo de Estado que a coalizão tinha pretendido criar. Depois que partimos, nosso sonho desmoronou".

100 mil civis iraquianos assassinados a partir de 2003

48 partidos políticos disputam o poder

4 591 Militares ocidentais mortos nos últimos seis anos

144 mil soldados americanos ainda estão no Iraque

"Nada de pessoal"
Leia trecho do livro de Rory

"- Vamos todos sentir sua falta. Todos na província conhecem e admiram você. Sabemos que trabalhou com muita dedicação. Você é nosso herói.

- O que está dizendo, Asad? Então por que estava atirando morteiros e tentando me matar, cinco semanas atrás?

- Ah, Seyyed Rory - respondeu com um sorriso -, aquilo não teve nada de pessoal."