Viagem à Lua, vídeo chamada e robôs doméstico: Em 1962, Os Jetsons imaginaram como seria o mundo em um século
por Fabio Previdelli
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Publicado em 01/04/2023, às 00h00 - Atualizado em 04/04/2023, às 17h59
Produzida pelo estúdio Hanna-Barbera, Os Jetsons estreou na televisão em 23 de setembro de 1962. Introduzindo no imaginário popular como seria o futuro na humanidade, Os Jetsons mostrava como seria a vida com o avanço da tecnologia em 2062, com carros voadores, prédios que ultrapassavam as nuvens e até mesmo empregadas domésticas robôs.
Apesar do cenário de ficção científica, a animação mostra uma família típica dos anos 1960, e mostra como George, sua esposa Jane, a filha adolescente Judy e o caçula Elroy têm suas necessidades atendida por aparelhos automatizados, mas que ainda assim brigam por problemas típicos do dia a dia.
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Ainda estejamos quase 40 anos de chegar ao ponto de partida da série, já é possível dizer que futuro chegou. A Smithsonian Magazine, aliás, classificou Os Jetsons como “a obra mais importante do futurismo do século 20".
O que separa Os Jetsons de outras ficções científicas é justamente seu enredo nem distópico e nem utópico. "Definitivamente não é 'Mad Max', mas também não é a pacífica Federação de 'Jornada nas Estrelas'", aponta Danny Graydon, autor de “The Jetsons: The Official Guide to the Cartoon Classic”.
Graydon defende que nunca mais teremos um programa igual Os Jetsons, afinal, jamais seremos tão ingênuos em relação ao futuro quanto éramos na década de 1960. "É mais desafiador criar visões realmente surpreendentes do futuro", diz ao NY Post.
A tecnologia está se movendo tão rápido que, na verdade, é muito desafiador alcançar o fator 'uau'."
Até o presente momento, além disso, nosso otimismo para o futuro também deu lugar a uma visão realista de nossos obstáculos futuros: demandas insaciáveis por energia, mudanças climáticas, lacunas socioeconômicas cada vez maiores, impasses governamentais, bilionários mesquinhos com a tecnologia em suas mãos. Nossa ficção científica se tornou verdadeiramente sombria.
Mas deixando as reflexões sobre o futuro de lado. Afinal, o que Os Jetsons conseguiu prever sobre o futuro que já é realidade em nosso presente?
O telefone foi inventado em 1876. Já o primeiro celular do mundo só surgiu na década de 1970. Mas, em 1962, Os Jetsons já previam que no futuro seria possível não se se comunicar com as pessoas, como também vê-las.
Para se ter uma ideia, o Skype surgiu no início dos anos 2000; já o FaceTime se popularizou a partir de 2010. Nos últimos anos, aliás, por conta da pandemia, principalmente, as vídeos chamadas se tornaram um dos principais meio de comunicação.
As reuniões por Zoom ou uma videochamada por WhatsApp já se tornaram tão comum que 'Os Jetsons' certamente nem notariam que ainda estamos 40 anos atrás de sua realidade.
Em Os Jetsons, o futuro não passa só pela interação humana. Os robôs estão no meio de nós. Na narrativa, a família conta com a ajuda doméstica de Rose, uma robô que prepara comida, limpa a casa e ainda serve de babá. Tudo isso com um certo atrevimento.
É bem verdade que robôs como a Rose ainda não existam, mas é inegável que muitos já foram feitos para atender as mais diferentes necessidades do lar. Afinal, não podemos esquecer da febre do aspirador de pó inteligente.
Em 2026, Elroy Jetson e seus amigos conseguem assistir às reprises de Os Flintstones em mini televisões disponíveis em seus relógios. George e Jane também usam o dispositivo para comunicarem por vídeo.
A ideia mostrada na série é que os relógios deixaram de ser um objeto que apenas mostram as horas. Emboras essas duas funções ainda sejam alvo de cobiça para nosso futuro, os smartwatch chegaram para cumprir tal função.
Altamente interativos, hoje já é possível ver mensagens, checar e-mail, atender ligações e até mesmo controlar a frequência cardíaca com alguns deles.
Em Os Jetsons, a matriarca Judy Jetson possui uma máquina doméstica capaz de fornecer um café da manhã completo com o simples apertar de um botão. Mas acalme-se, não estamos falando dos fornos micro-ondas ou das comidas pré-aquecidas. A tecnologia está além disso.
Segundo recorda o NY Post, desde 2016 a impressora de alimentos já existe. Mas ainda é limitada a exposições, laboratórios e para uso experimental. Entretanto, isso tem deixado de ser algo apenas teórico e se tornando cada vez mais uma tecnologia que logo será acessível para muitos.
Um start-up, por exemplo, já implementou a impressora 3D para fazer bifes carnudos e suculentas com ingredientes vegetais. E não é só isso, a rede Food Ink já possui restaurantes dedicados à cozinha feitas em máquinas como essas.
“Um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade”, foi essa frase dita pelo astronauta Neil Armstrong ao se tornar o primeiro homem a pisar na Lua em 20 de julho de 1969.
Quando Os Jetsons estrearam, Jonh Fitzgerald Kennedy tinha prometido há poucos dias que o homem pisaria na Lua até o final da década. "Nós escolhemos ir para a Lua", proferiu em 12 de setembro de 1962.
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Mas o show já tratou isso como realidade. Afinal, visitar nosso satélite natural já era uma atividade tão casual quanto ir à praia. Elroy e seus amigos escoteiros a visitavam rotineiramente.
Desde então, voltamos para lá algumas vezes e, atualmente, algumas empresas já estudam oferecer voos de turismo para a Lua. A realidade não está tão distante assim.
Por fim, talvez, a maior reflexão que Os Jetsons faz não é sobre o que a tecnologia é capaz de proporcionar para os seres humanos. Mas por qual motivos conseguimos desenvolver coisas até então utópicas para o passado e ainda assim ninguém está feliz.
Isso fala da ideia de que, como seres humanos, sempre teremos algo do que reclamar", finaliza Danny Graydon. "Um dos problemas com a utopia, é que se você criar um mundo perfeito, esse mundo pode ser bem chato."
