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Curiosidades / A Favorita

A Favorita: Veja o que é fato ou ficção no filme

Lançado em 2018, 'A Favorita' é inspirado nos acontecimentos da corte da rainha Anne da Grã-Bretanha, no século 17

Éric Moreira Publicado em 24/01/2024, às 17h22 - Atualizado em 25/01/2024, às 10h07

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Cena do filme 'A Favoita' (2018) - Reprodução/Fox Searchlight Pictures
Cena do filme 'A Favoita' (2018) - Reprodução/Fox Searchlight Pictures

Nesta semana, chegou à Netflix um filme de 2018 que recebeu dez indicações ao Oscar posteriormente: 'A Favorita', do cineasta grego Yorgos Lanthimos. Na trama, acompanhamos as primas Sarah e Abigail que disputam para ver quem seria a favorita da rainha Anne da Grã-Bretanha em sua corte, no início do século 17.

"Na Inglaterra do século 18, Sarah Churchill, a Duquesa de Marlborough, exerce sua influência na corte como confidente, conselheira e amante secreta da rainha Ana. Seu posto privilegiado, no entanto, é ameaçado pela chegada de Abigail, nova criada que logo se torna a queridinha da majestade e agarra com unhas e dentes essa oportunidade única", descreve a sinopse do longa.

Embora o filme seja inspirado em eventos históricos, nem tudo retratado é completamente fidedigno aos acontecimentos reais. Vale lembrar que filmes baseados em fatos contam com passagens dramatizadas. Visto isso, confira a seguir o que é fato e o que é ficção em 'A Favorita':

+ A Favorita: Veja a verdadeira história por trás do filme;

1. A favorita (fato)

No filme, acompanhamos o desenrolar da disputa pelo favoritismo da rainha Anne (interpretada por Olivia Colman, que inclusive conquistou o Oscar de Melhor Atriz pelo papel) por parte das primas Sarah Churchill (Rachel Weisz) e Abigail Hill (Emma Stone).

De fato, na antiga corte britânica, era comum que o monarca tivesse um "favorito", em quem confiasse o suficiente para pedir conselhos e ter como pessoa mais próxima — o que, por consequência, era acompanhado de uma certa influência política.

Conforme descreve a revista People, a rainha Anne e Sarah Churchill se conheceram ainda durante a infância, e cresceram juntas, como amigas íntimas e confidentes. Então, quando Anne tornou-se rainha em 1707, Sarah conquistou títulos.

Sarah Churchill (Rachel Weisz) em 'A Favorita' / Crédito: Reprodução/Fox Searchlight Pictures

2. Rainha debilitada (fato)

Em dado momento de 'A Favorita', a rainha passa a utilizar uma cadeira de rodas, em decorrência de uma piora em sua saúde. E de fato, a monarca, que governou por apenas 12 anos, enfrentou uma série de problemas de saúde ao longo de seus 49 anos de vida.

Entre seus problemas de saúde, estava a gota, doença caracterizada por fortes dores, vermelhidão e sensibilidade nas articulações. Inclusive, no dia de sua coroação, ela precisou ser carregada em uma liteira, uma espécie de cadeira móvel transportada por serviçais.

Além disso, ela também sofreu abortos espontâneos. Ao todo, ela engravidou 17 vezes, 12 dos quais foram abortos espontâneos ou natimortos, quatro das crianças morreu nos primeiros anos de vida (ou mesmo nos primeiros minutos após o nascimento) e somente um filho sobreviveu um pouco mais, o príncipe William, que morreu aos 11 anos de idade. No filme, os abortos são representados pelos coelhos de estimação da rainha, um para cada filho que perdeu.

Rainha Ana (Olivia Colman) em 'A Favorita' (2018) / Crédito: Reprodução/Fox Searchlight Pictures

3. Relações lésbicas (ficção)

Certamente um dos elementos que mais chama atenção em 'A Favorita' é a relação próxima não só entre Anne e Sarah, como também, posteriormente, entre a rainha e Abigail — relações que não somente eram de confiança e amizade, mas também sexuais.

Relatos da época pontuavam que Anne e Sarah eram, de fato, inseparáveis, e a devoção  ficou bastante evidente na posteridade, com o conhecimento do conteúdo das cartas trocadas entre elas. 

E aqui fica um ponto que, até hoje, é bastante discutido. Afinal, o filme foi condizente ou não com os fatos? Nunca houve confirmação de tais relações, mas sempre correram rumores, desde o reinado de Anne.

A questão de saber se a rainha Ana era lésbica é muito interessante. Se você ler as cartas que ela escreveu para Sarah quando jovem, elas são demonstrações apaixonadas de devoção. Você pode pensar imediatamente que eles estavam tendo um caso", conta Anne Somerset, autora da biografia da rainha Ana, em entrevista à BBC.

"Mas, também é preciso ter em mente que, naquela época, as mulheres tinham amizades intensas, sem conotações eróticas. Não duvido que o casamento dela com o príncipe George tenha sido feliz e dedicado. No entanto, à medida que as coisas azedavam [entre Anne e Sarah], Sarah começou a espalhar rumores de que Anne tinha um relacionamento com a mulher que a destituiu do cargo de favorita real, Abigail", complementa.

Sarah Churchill, rainha Ana e Abigail Mashan (sobrenome de Abigail após casar-se com Samuel Mashan), respectivamente / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

4. Envenenamento (ficção)

No filme, outro acontecimento que chama atenção é quando Abigail envenena Anne com um chá, o que não a mata, mas a deixa gravemente doente. Porém, neste caso, o episódio não aconteceu na realidade. 

Em vez disso, em 1711, Sarah foi afastada de seu cargo como guardiã da Bolsa Privada do Reino Unido, posição passada para Abigail. Desonrada, Sarah e seu marido deixaram a Inglaterra e se estabeleceram na Alemanha, até que, com a morte da rainha, em agosto de 1714, eles retornaram para a corte britânica — e John tornou-se conselheiro do monarca seguinte, George I.

Abigail, depois da morte de Ana, retirou-se para uma vida mais privada, vivendo tranquilamente no campo até sua morte, em 1734.