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Matérias / A Favorita

A Favorita: Veja a verdadeira história por trás do filme

Dirigido pelo cineasta grego Yorgos Lanthimos, 'A Favorita' narra os conturbados eventos da realeza britânica durante o governo da rainha Ana no século 18; confira história real!

Éric Moreira Publicado em 23/01/2024, às 17h00 - Atualizado em 03/02/2024, às 16h31

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Olivia Colman como a rainha Ana em 'A Favorita' (2018) - Reprodução/Fox Searchlight Pictures
Olivia Colman como a rainha Ana em 'A Favorita' (2018) - Reprodução/Fox Searchlight Pictures

Chegou à Netflix um dos elogiados filmes do cineasta grego Yorgos Lanthimos: 'A Favorita'. Lançado originalmente em 2018, o projeto foi mais um trabalho elogiável apresentado por ele, tendo sido indicado ao Oscar em 10 categorias quando estreou — entre elas a de Melhor Filme, embora tenha vencido somente com Melhor Atriz para Olivia Colman.

Vale lembrar que a carreira de Lanthimos é repleta de filmes notórios. Entre eles, estão: 'O Lagosta' (2015), 'O Sacrifício do Cervo Sagrado' (2017), e também seu filme mais recente, 'Pobres Criaturas' (2023).

Em 'A Favorita', no entanto, o que acompanhamos é uma clássica história de época que, conforme descrito pela revista Time, retrata a rivalidade acirrada entre duas damas da corte britânica no início do século 17, Abigail Masham e Sarah Churchill, enquanto competem para tentar exercer influência sobre a então monarca, a desequilibrada rainha Ana.

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"Na Inglaterra do século 18, Sarah Churchill, a Duquesa de Marlborough, exerce sua influência na corte como confidente, conselheira e amante secreta da rainha Ana. Seu posto privilegiado, no entanto, é ameaçado pela chegada de Abigail, nova criada que logo se torna a queridinha da majestade e agarra com unhas e dentes essa oportunidade única", narra a sinopse.

Classificado como um suspense com comédia, não surpreende que 'A Favorita' conte com alguns detalhes em sua narrativa que escapam um pouco de eventos canônicos na nossa história, entregando-se ao sensacional. No entanto, ele ainda é parcialmente inspirado em eventos reais.

Com três atrizes bastante conhecidas encabeçando a trama principal do filme — Olivia Colman como a rainha Ana; Emma Stone como Abigail; e Rachel Weisz como Sarah —, vemos em 'A Favorita' quando Abigail Hill conhece sua prima Sarah, Duquesa de Marlborough, ao chegar ao palácio real em busca de um emprego, depois de sua família ter vivenciado tempos difíceis. Mas afinal, como foi a história real? Confira!

Abigail, personagem de Emma Stone em 'A Favorita' / Crédito: Reprodução/Fox Searchlight Pictures

Uma nova vida

Um elemento do filme que é retratado com precisão se comparado à vida real é o fato de Abigail possuir um certo infortúnio familiar. No entanto, ela teria começado a trabalhar para sua prima muito antes de chegar ao Palácio de Kensington, onde se passa a trama.

Nascida no ano de 1670, Abigail trabalhou como serva em várias outras casas da nobreza ao longo de sua infância. Porém, ela só foi ter seu primeiro contato com Sarah pouco antes de Ana alcançar o trono, em 1702.

Sarah então apiedou-se de Abigail, e conseguiu-lhe um emprego em sua própria casa. Foi em 1704, quando as duas já eram próximas, que Abigail pôde ser empregada pela primeira vez na casa da rainha.

Retratos de Abigail Masham e Sarah Churchill, respectivamente / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Disputa de influência

Da mesma forma como visto em 'A Favorita', Sarah e Ana cresceram juntas e foram bastante próximas durante grande parte de suas vidas. Por isso, sendo uma pessoa de confiança da rainha, Sarah acabou exercendo certa influência política com a monarca — que, segundo uma biografia escrita pela historiadora inglesa Anne Somerset, não era tão bem educada no que se referia a questões políticas.

No entanto, com a chegada de Abigail ao palácio, eventualmente ela também foi se aproximando de Ana. Porém, vale mencionar que, embora no filme isso pareça acontecer bastante rápido, levou alguns anos para que os eventos acontecessem na vida real.

Abigail chegou ao palácio em 1704, casou-se com Samuel Masham em 1707, e Sarah foi destituída de sua posição real — guardiã da Bolsa Privada do Reino Unido — em 1711. No entanto, o clima entre Abigail e Sarah já vinha ficando tenso desde o casamento da primeira, que inclusive aconteceu sem o conhecimento de Sarah.

A rivalidade entre Sarah e Abigail chega em um ponto bastante extremo no filme quando Abigail envenena a própria prima. Porém, isso não aconteceu de fato, sendo apenas mais um elemento narrativo para retirar Sarah do palácio — porém, a verdadeira Sarah frequentemente ausentava-se por longos períodos da corte, o que causava certa frustração em Ana e, para Abigail, foi o necessário para que ela conquistasse ainda mais a rainha.

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Retrato da rainha Ana / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Triângulo de amor e ódio

Certamente um elemento do filme que chama bastante atenção e desperta grande curiosidade nos interessados por histórias reais é o fato de que Ana possui relacionamentos também de natureza sexual com Abigail e Sarah. Porém, para a frustração de muitos, este é mais um recurso adotado pelo longa apenas para prender mais a atenção do espectador na trama, sendo (quase) um consenso entre historiadores que tais relacionamentos eram improváveis.

Ainda assim, rumores sobre as relações entre as três mulheres fizeram realmente parte dos registros históricos da rivalidade de Abigail e Sarah. Inclusive, membros do chamado Partido Whig — um antigo partido liberal do Reino Unido — sugeriam "atos obscuros à noite" com uma "camareira suja" por parte de Ana.

Sarah (Rachel Weisz) e a rainha Ana (Olivia Colman) em 'A Favorita' / Crédito: Reprodução/Fox Searchlight Pictures

Além do mais, a verdadeira Sarah também chantageou Ana, ameaçando divulgar cartas pessoais que ela lhe enviava, muitas delas com sentimentos românticos expressos por parte da rainha.

Claro que, na época, era comum que amigos íntimos utilizassem de linguagem romântica em troca de correspondências, o que não comprova necessariamente uma relação amorosa entre elas, mas seus conteúdos ainda demonstravam considerável dependência da rainha com relação a Sarah, o que já seria suficiente para difamá-la. Ainda assim, mesmo depois de ser "demitida", ela nunca as revelou de fato.