Iniciado em um dos maiores fóruns anônimos do mundo, o mistério por trás deste desafio mobiliza hackers pelo mundo todo
Wallacy Ferrari, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 01/08/2021, às 09h00
As charadas e enigmas estão presentes na cultura popular com referências em filmes, séries animadas e livros clássicos, mas na vida real, chamam ainda mais atenção pela inacessibilidade técnica.
A transcrição de textos codificados do desconhecido assassino do Zodíaco ou até mesmo as pistas forenses de grandes desaparecimentos possibilitam a formação de um quebra-cabeças de evidências.
Na esfera virtual não é diferente, com diversos mistérios conhecidos, mas pouco acessíveis pela necessidade de conhecimento aprofundado em habilidades em sistemas, criptografia e, principalmente, interpretação de dados.
Com esses fatores, o enigma de Cicada 3301 nascia no fórum 4Chan, mundialmente frequentado e conhecido como um dos maiores pontos de encontro de anônimos na internet, criando memes e atividades de todos os tipos em diversos subtópicos.
Na categoria de hacking e computação, em janeiro de 2012, um usuário não-identificado promoveu uma chamada com os usuários ao clicarem em um link; os muitos que clicaram se depararam com a figura de um pato de borracha e uma escritura dizendo que a charada já havia terminado, como uma carapuça para bobos.
Porém, os que decidiram ver a imagem mais a fundo encontraram orientações para uma nova etapa no código-fonte da página, iniciando uma longa charada, como reportou a revista Super Interessante.
As etapas, inicialmente baseadas em resolver expressões matemáticas, ficavam cada vez mais complexas conforme as fases avançavam, criando uma comunidade alternativa dentro do fórum onde membros se reuniam para tentar obter o progresso do enigma — além de competirem pelo resultado.
Todos os processos tinham uma referência em comum: as cigarras, símbolo da camuflagem, apelidando o desafio de “Cicada”, seu nome científico
Durante a abordagem das etapas, tiveram acesso através da Deep Web a quadros abstratos, arquivos de música clássica e até caminhos que levavam a coordenadas geográficas em vários países do mundo. Algumas delas visitadas com cooperação dos membros, que encontraram códigos QR das fases seguintes em postes da Austrália, EUA, França e Polônia.
Em 2015, duas pessoas revelaram à Rolling Stone EUA que supostamente conseguiram concluir o desafio e detalharam os procedimentos seguintes a conclusão.
Os supostos solucionadores apontaram o enigma como um método para recrutar usuários inteligentes em projetos tecnológicos relacionados à privacidade online e garantia do anonimato, formando uma equipe de inteligência. Outras teorias relacionavam a autoria do projeto partindo de um grupo da CIA ou FBI para encontrar gênios — ou possíveis terroristas.
Nos quatro anos seguintes, o enigma continuou tendo atualizações até uma suposta desativação, atribuída ao ano de 2014, onde o quebra-cabeça teria sido considerado não solucionável por membros do 4Chan.
Apesar da ausência de origem pública, o usuário que lançou o enigma, cuja identificação se restringe ao número '3301', utiliza de uma assinatura criptográfica oficial para lançar novos desafios e se desfiliar de acusações criminosas.
