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Curiosidades / Tecnologia

Como fazíamos antes do teclado?

Chaves, fios e cartões perfurados já foram a forma de se comunicar com computadores

Letícia Yazbek Publicado em 29/10/2018, às 10h00 - Atualizado em 14/05/2022, às 06h00

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Imagem meramente ilustrativa - Pixabay
Imagem meramente ilustrativa - Pixabay

A simples ideia de estudar ou trabalhar num computador sem teclado parece irreal. Mas, para os bravos pioneiros que lidaram com modelos existentes entre as décadas de 1940 e 1970, era a única forma.

Era o caso do enorme Eniac, desenvolvido em 1946 a pedido do Exército dos Estados Unidos e um dos primeiros computadores eletrônicos do mundo. Para programar o Eniac, suas chaves e cabos tinham que ser mudados manualmente de posição, algo que os engenheiros levavam semanas para planejar – no papel – e dias para implementar.

Cartões perfurados

Em 1950, a IBM introduziu o uso de cartões perfurados – os mesmos do início do século 19, quando o francês Joseph-Marie Jacquard inventou sua máquina de tear automatizada.

Também existiam fitas perfuradas, feitas de papel ou plástico. Perfuradores, leitores e calculadoras analógicas já trabalhavam com eles – infamemente, cartões perfurados da IBM foram usados nos campos de concentração nazistas.

Esses cartões e fitas eram o principal método de entrada, saída e armazenamento de dados. Eles continham informações digitais representadas pela presença ou falta de furos em posições predefinidas – os famosos uns e zeros que os computadores usam ainda hoje.

Os primeiros computadores de todos usavam cartões apenas como entrada de dados, mas seus sucessores – os computadores de programação armazenada, disponíveis comercialmente a partir de 1951, com o Univac – puderam ser programados externamente.

Máquina de gravar

E isso levou ao ancestral imediato do teclado: a máquina de gravar. No lugar de trocar chaves e cabos, os rogramadores podiam escrever (no papel) suas instruções e digitá-las numa máquina perfuradora de cartões ou gravadora de fita. No primeiro caso, um programa de computador era uma pilha física de cartões – que era completamente arruinada se alguém os derrubasse e perdesse a ordem.

O passo seguinte veio com a criação dos primeiros terminais, alimentando diretamente a memória dos computadores, nos anos 60. Esses eram máquinas de teletexto – o sucessor do telégrafo, transmitindo texto por sinais eletrônicos pela linha telefônica – adaptadas. Imprimiam cada toque no papel.

O teclado propriamente dito, que não pode ser confundido com uma máquina de escrever, surgiu com o primeiro terminal com vídeo, o Datapoint 3300, de 1969.

Segundo Raul Sidnei Wazlawick, professor do Departamento de Informática e Estatística da UFSC e autor do livro História da Computação, a diferença está na interação com a máquina. “Com fitas e cartões você precisa colocar todas as informações de uma só vez na máquina e aguardar os resultados no final. Mas, com o teclado, você pode inserir algumas informações, receber algum feedback do computador e, depois, entrar com mais informações.”

As pessoas não perceberam a revolução diante da qual estavam. Os primeiros computadores pessoais, como o Altair 8800, de 1975, não tinham teclado ou vídeo. Eram configurados com chaves e retornavam em luzes piscando. Foi com o Apple 1, de 1976, que o combo teclado e vídeo foi estabelecido para sempre.