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Curiosidades / Tecnologia

Windjammers: Os maiores veleiros de todos os tempos

Até os anos 30, colossais veleiros conseguiram se mostrar mais eficientes os vapores - mas não sem inovação

Lucas Vasconcellos Publicado em 02/01/2019, às 12h00

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O colosso Preussen em 1908 - Wikimedia Commons
O colosso Preussen em 1908 - Wikimedia Commons

Para um observador casual, em 1902, a era da vela parecia definitivamente encerrada. Os navios a vapor já tinham 119 anos – o primeiro, o Pyroscaphe, havia navegado pelo Rio Saône, França, em 1783. Ao longo do século anterior, inicialmente dotados de velas, abandonadas na década de 1880, eles haviam se mostrado capazes de navegar independentemente dos caprichos dos ventos. E, justamente por isso, conseguiam manter o prazo de entrega das companhias marítimas.

Foi nesse ano, no entanto, que o maior veleiro de todos os tempos foi criado: o colossal Preussen, com capacidade para quase 8.100 toneladas de carga, com um deslocamento (peso) total de 11.150 toneladas – mais de dez vezes o dos maiores navios da era das Grandes Navegações.

O Preussen era um windjammer, o último modelo de navio a vela com relevância comercial. Foi uma resposta à era do vapor, o primeiro deles lançado 1875, o County of Peebles, fazendo uma rota da Grã-Bretanha à Índia. E uma grande resposta: em algumas rotas, eles só seriam aposentados depois da Segunda Guerra.

O Preussen no mar Wikimedia Commons

O nome é uma piada: quer dizer algo como “entupidor de vento” (ou, sendo criativo, “engolidor de vento”), usado jocosamente pelas tripulações dos vapores. Com cinco mastros, que se estendiam até 68 metros acima do casco, e 147 metros de comprimento (caso do Preussen), eram uma visão memorável.

E estavam longe de ser relíquias: eram feitos inteiros de metal e tinham, de fato, motores a vapor, que facilitavam manusear seu gigantesco velame. Com isso, podiam economizar em tripulação – 14 tripulantes bastavam para o bom funcionamento da embarcação – cerca de dez a menos de um vapor de tamanho similar, que carregava 1/3 de sua carga.

A enorme vantagem na capacidade vinha do fato de o navio não precisar de um reduto para armazenar carvão e água doce para as caldeiras, o que ocupava um grande espaço nos vapores, reduzindo sua carga útil. 

Eram também bem mais rápidos: o modelo alemão Herzogin Cecilie, de 1902, registrou 39 km/h – mais que o dobro de um navio a vapor. A velocidade, inclusive, condenaria o Preussen. Ele colidiu com um vapor que subestimou sua velocidade em 1910.

Como a quantidade de carvão e água de um vapor dependia da distância percorrida, a vantagem dos windjammers era proporcional à distância coberta. Locais como Austrália eram os principais destinos. Com o tempo e a evolução dos vapores, os windjammers passaram a levar produtos não perecíveis cujo preço era muito baixo, como madeira, grãos e guano, e a locais em que a rota não era considerada prioridade e os portos não tinham infraestrutura de abastecimento.

As últimas rotas bem-sucedidas terminaram nos anos 30. O Preussen mantém o recorde de maior navio puramente a vela já feito - protótipos de cargueiros a vela e grandes veleiros turísticos modernos a vela tem sistemas de propulsão complementares.