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Curiosidades / Menina Sem Nome

A Misteriosa condição em que a 'Menina Sem Nome' foi encontrada

Em junho de 1970, corpo de menina foi encontrado em praia de Recife; desde então, ninguém sabe a identidade da vítima do caso que se tornou lenda local

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 05/06/2023, às 16h57 - Atualizado em 28/06/2023, às 18h06

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Túmulo da Menina Sem Nome - Reprodução/Vídeo
Túmulo da Menina Sem Nome - Reprodução/Vídeo

Em junho de 1970 os quatro cantos do país celebravam a conquista do tricampeonato mundial da Seleção Brasileira. Comandados por Pelé, o time treinado por Zagallo superou as desconfianças do fiasco em 1966 e levou de forma definitiva a taça Jules Rimet

Dois dias depois do título, em 22 de junho, uma terça-feira, o Brasil pararia novamente. Agora sem motivos para comemorar. O corpo de uma menina fora encontrado em um trecho da Praia do Pina, no Recife, em Pernambuco. 

Mais de cinco décadas depois, o assassinato da Menina Sem Nome — nome dado ao caso visto que a vítima jamais foi identificada — segue cercado de mistérios, incertezas e lendas. Afinal, em que condições a jovem foi encontrada? 

+ Menina sem nome: Conheça misteriosa e macabra história que virou lenda

A cena enigmática

Era por volta das sete horas da manhã de 23 de junho de 1970 quando peritos do Instituto de Polícia Técnica (IPT) — atual Instituto de Criminalística — receberam um chamado. A Delegacia de Plantão havia alertado sobre um corpo encontrado na Praia do Pina, Zona Sul da capital pernambucana. 

Um fato que chamou a atenção logo de início foi a idade da vítima: uma criança — um tipo de crime considerado raro para a época. Um relatório do IPT, dias depois, descreveu assim a vítima de identidade desconhecida do sexo feminino. 

Apresentava entre 8 e 10 anos de idade, era do tipo étnico faioderma [pardo] com cabelos castanhos 'carapinhados' [alisados]", apresenta o documento obtido pelo G1. 

A cena do crime também contava com alguns itens pouco comuns. Ao lado do cadáver estavam quatro sandálias de borracha, sendo que nenhuma delas formava um par; uma lata de sardinha aberta também estava presente por lá; assim como uma camisa de tecido sintética rasgada. 

Havia também um lenço de algodão com manchas amareladas e um cinto com marcas de uso. O que mais chamou a atenção, porém, foi uma corda em volta do pescoço da jovem. Ela havia sido machucada na região por um objeto cortante, embora não foi possível ver sangue nas fotos tiradas pelos profissionais que investigaram o corpo. 

Outro ponto analisado que intrigou a equipe de perícia foi o biquíni usado pela vítima. Na cor azul-claro, a peça era de um tamanho maior do que comumente a jovem usaria. O biquíni também estava cheio de areia na parte dupla do forro. 

Camisa de tecido sintética rasgada e a parte de baixo do biquíni usado pela vítima/ Crédito: Antônio Creosola/Arquivo Público de Pernambuco

Uma das testemunhas oculares da cena do crime é Williams Cardoso que à época tinha apenas 13 anos. Hoje com 64, ele conta que jamais os detalhes daquele fatídico dia, onde estava na companhia de sua prima pegando madeira para fazer uma fogueira. Foi quando um tumulto começou na orla. 

"Quando chegamos, tinha uma menina morta no chão com a mão amarrada e uma lata de sardinha do lado. A gente passou um tempão olhando, olhando, olhando", recorda ao G1. "A imagem mais forte que eu guardei foi ela com o rosto enfiado na areia e as mãos amarradas, como se tivessem matado ela sufocada". 

Análise técnica 

Quando profissionais do Instituto de Polícia Técnica chegaram à praia, fotos foram feitas pelos profissionais. Mas é importante ressaltar quem naquela altura, o rosto da menina não estava mais fincado na areia. Ela já havia sido virada para cima e coberta até o pescoço com um lençol branco. 

Após uma hora e meia de análise, o trabalho de perícia acabou e os profissionais voltaram para sede do instituto levando fotos e todo o material colhido na cena do crime — tudo o que pudera ser usado para análises posteriores. 

Nove dias após o corpo da Menina Sem Nome ser encontrado, ou seja, em 2 de julho de 1970, um relatório do IPT foi assinado por cinco profissionais: Maria Teresa Pinto Moreira (perita criminal); Petrus Monteiro de Meneses Rocha (técnico criminal); Antônio Creosola (fotógrafo); Manoel Pereira Lima (investigador de polícia); e Elisa Moreira Barros (auxiliar de escrita). 

O documento foi entregue em meio a uma enorme comoção popular, que exigia respostas para um crime de uma natureza tão brutal. Por conta disso, as autoridades locais buscavam dar respostas o mais rápido possível — o que levou a equipe de perícia concluir o trabalho quanto antes. 

O mito da Menina Sem Nome

No dia 29 de junho de 1970, o mecânico Geraldo Magno de Oliveira confessou o crime em depoimento à polícia do Recife. Ele disse ter convidado a jovem para passar a noite com ele em troca de 5 cruzeiros. Como estava sem troco, a menina passou a chamá-lo de "velhaço" e "vigarista". 

Pouco depois da confissão, porém, Geraldo relatou ter contado a versão após ser coagido e torturado pela equipe de polícia, mas isso não impediu ele ser preso preventivamente pelo crime. Em cárcere, porém, acabou assassinado antes de ser julgado. 

Até hoje, ninguém sabe quem foi o autor do crime e muito menos a identidade da jovem, visto que o corpo da vítima ficou por mais de duas semanas no Instituto de Medicina Legal (IML) de Recife e nenhum parente ou conhecido reconheceu sua identidade. 

Assim, em 3 de julho de 1970, a Secretaria de Segurança Pública deu um aval para a menina ser enterrada como indigente no Cemitério de Santo Amaro. Seu túmulo ganhou a alcunha de Menina Sem Nome e muitos moradores locais atribuem à jovem a conquista por algumas promessas, o que fez da pobre vítima uma lenda local.

Túmulo da Menina Sem Nome/ Crédito: Reprodução/Vídeo

Por conta disso, seu túmulo sempre recebe ofertas, como doces, flores, brinquedos, perfumes e inúmeras cartas de agradecimento.