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Testeira

O experimento que quase desenvolveu um "cérebro zumbi"

Sendo uma das principais histórias da neurociência, um experimento com um porco chamou atenção pelo estado celular alcançado

Fabiano de Abreu* Publicado em 29/01/2023, às 15h00 - Atualizado em 04/04/2023, às 17h43

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Montagem ilumina cérebro ilustrativo em tons esverdeados - Pixabay / Canva
Montagem ilumina cérebro ilustrativo em tons esverdeados - Pixabay / Canva

O estudo da neurociência pode ser a base para muitas descobertas incríveis — e algumas delas até parecem ser tiradas de roteiros de filmes. Muitas vezes os cientistas necessitam de pensar além para resolverem os problemas com que se deparam.

Um deles, por exemplo, prede-se com o seu principal objeto de estudo: o cérebro. É extremamente difícil e complexo estudar cérebros vivos e mesmo após a morte os neurônios rapidamente se decompõe e o cérebro desintegra-se. Logo, o espaço temporal para estudo é extremamente reduzido.

Pensando nesta problemática, um grupo de neurocientistas da Universidade de Yale criaram uma biotecnologia que batizaram de BrainEx que foi concebida para manter vivas as células cerebrais. Para testar essa tecnologia, os cientistas propuseram-se a restabelecer atividade sináptica e a circulação a um cérebro de porco que tinha estado morto por quatro horas.

Experimento curioso

O cérebro foi retirado do animal e a sua reanimação recorreu a um sistema externo de circulação sanguínea. O que os cientistas observaram foi uma espécie de “porco zumbi”, uma vez que embora os neurônios estivessem vivos, não se verificava atividade funcional, ou seja, estavam vivos e mortos ao mesmo tempo! Para sermos corretos, neste caso temos um cérebro ativo em termos celulares.

Os cientistas acreditam que conseguem fazer o mesmo com cérebros humanos, abrindo um leque de possibilidades para a continuidade do seu estudo e da descoberta mais profunda do cérebro e mente humanas. Para que tal seja possível, é necessário que este procedimento seja realizado antes que a destruição das funções celulares e moleculares comecem a ocorrer.

Este experimento também colocou em questão algumas crenças presentes na neurociência, que acreditavam na perda irreversível do exercício cerebral quando o cérebro é privado de oxigênio. Por outro lado, levantou também algumas questões éticas, embora os investigadores relatassem que o seu objetivo não era restaurar consciência, mas sim permitir estudos mais precisos.

Por tal fato, durante a experiência foram utilizados químicos para bloquear ou amenizar a atividade neuronal, mas, mesmo assim, algumas células conseguiram responder de forma eletroquímica. Por essa razão, não se sabe se algum tipo de consciência seria restaurada se esses químicos não tivessem sido administrados.


Sobre o autor

Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues é um Pós-doutor e PhD em neurociências eleito membro da Sigma Xi, The Scientific Research Honor Society e Membro da Society for Neuroscience (USA) e da APA - American Philosophical Association, Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat, membro-sócio da APBE - Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva. Membro Mensa, Intertel e TNS.