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Notícias / Segunda Guerra

2ª Guerra: Decifradora de códigos nazista morre aos 99 anos

Margaret Betts trabalhou em Bletchley Park, onde Alan Turing desenvolveu o computador para decifração da Lorenz e da Enigma

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 06/09/2023, às 11h26

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Foto de Margaret Batts - Arquivo Pessoal
Foto de Margaret Batts - Arquivo Pessoal

Decifradora de códigos nazistas na Segunda Guerra Mundial, Margaret Betts morreu aos 99 anos, informou o The Guardian. A inglesa de Ipswich tinha apenas 19 anos quando foi 'convocada' por "homens do ministério" devido ao seu bom desempenho escolar, apontou seu filho, Jonathan Betts, de 68 anos.

Betts era uma das últimas decifradoras sobreviventes de Bletchley Park, onde Alan Turing desenvolveu o computador para decifração da Lorenz e da Enigma — o que encurtou a Guerra em alguns anos.

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Segundo Jonathan, sua mãe decidiu ajudar a inteligência britânica pois havia perdido recentemente seu irmão, morto após seu navio ser afundado por um submarino alemão. "Foi absolutamente trágico, ele tinha acabado de se casar algumas semanas antes, toda a família estava em choque terrível e desesperada para fazer alguma coisa, para fazer a sua parte. Ela se inspirou nisso e disse 'com certeza, de qualquer maneira que eu puder ajudar, eu ajudarei'."

Ele ainda explicou que sua mão não foi informada sobre o quê seria seu trabalho: "Apenas foi informada de que seria um trabalho altamente secreto e que eventualmente ela saberia o que era, mas enquanto isso ela deveria fazer as malas e ir para uma câmara de compensação no norte de Londres."

A decifração de códigos

Margaret Betts foi convocada em 1942 e, após passar por um processo de seleção, começou a trabalhar na decifração de códigos no verão do ano seguinte — onde ficou até o Dia da Vitória sobre o Japão, em 1945.

"Como a maioria deles fez, ela sempre minimizou seu papel", disse Betts. "Ela disse que sim, eu sei que era extremamente importante a nossa parte nisso, e sei que era altamente secreto, mas por favor, não venha com a ideia de que somos todos Alan Turings, porque não somos".

Estávamos lá operando as máquinas, obedecíamos às ordens, aplicávamos a lógica para fazer o que nos mandavam fazer, e fazíamos isso de maneira eficiente e inteligente, mas não projetamos as máquinas para decodificação", explicou Margaret ao filho.

"Quando [as máquinas] pararam, eles sabiam que a máquina tinha inventado algo", disse Betts. "Pode não ser nada, mas o que eles fizeram foi imprimir o que a máquina havia produzido. Eles então o levaram para uma máquina Enigma".

O resultado, então, era decifrado pela Enigma e, caso algo fosse descoberto, a mensagem era enviada aos superiores de Margaret. Após a Guerra, a mulher seguiu o conselho de sua mãe: "Você nunca, nunca deve contar a ninguém sobre isso".

Por conta disso, Jonathan revelou que ela guardou o segredo por mais de 40 anos, dizendo apenas que trabalhou em um escritório a serviço da Marinha Real. "Foi só quando os documentários começaram a aparecer na TV e os livros começaram a ser publicados que ela finalmente disse 'sabe, eu era uma dessas'."

"Nós dissemos 'nossa, porque você não nos contou antes!', e ela disse: 'bem, eu assinei a Lei de Segredos Oficiais, nos disseram para nunca contar a ninguém, mas é óbvio que agora todas as pessoas estão falando sobre isso, então sinto que não há problema em mencioná-lo'."

Ela estava muito orgulhosa disso, mas minimizou", apontou o filho de Margaret.

"Quando dissemos que isso parecia realmente emocionante, como algo de espionagem de James Bond, ela disse que não, não era nada disso, era muito monótono", contou. A mulher explicou que operava a máquina noite e dia, mas seu trabalho era chato na maior parte do tempo. "Você só tinha que ficar perto das máquinas, tinha que se concentrar quando estava programando e ter certeza de que estavam configuradas corretamente, e no resto do tempo você ficava lá observando, esperando que surgisse alguma coisa."

"Ouvimos o que ela disse sobre ser monótono, mas era um trabalho vital que eles estavam fazendo. Ela foi colocada em uma grande posição de confiança e respeitou essa confiança e trabalhou duro e junto com todos os outros naquele serviço; ela se saiu extremamente bem", continuou.

Por fim, ele exaltou o trabalho da mãe: "Sem o trabalho deles, a guerra teria durado mais tempo — algumas pessoas calculam que teria durado mais dois anos se não tivessem conseguido quebrar os códigos alemão e japonês. Ela contribuiu com uma pequena parte para um elemento muito importante na vitória da guerra."