O estudo foi publicado em março e apresentado nesta semana durante a Conferência Goldschmidt de Geoquímica
Redação Publicado em 13/07/2023, às 10h50
Na África do Sul, cientistas encontraram alguns vestígios das geleiras mais antigas do planeta, com idade de 2,9 bilhões de anos. A descoberta, que foi publicada em março no periódico Geochemical Perspectives Letters e repercutida pela revista Galileu, foi feita abaixo de um grande depósito de ouro.
O estudo, que foi elaborado por Axel Hofmann, da Universidade de Johanesburgo, na África do Sul, e Ilya Bindeman, da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos, achou em algumas rochas antigas do local dados que mostravam a concentração de isótopos de oxigênio.
Acerca do assunto, durante a Conferência Goldschmidt de Geoquímica, que acontece nesta semana em Lyon, na França, Ilya relatou:
Encontramos depósitos glaciais extremamente bem preservados perto dos campos de ouro na África do Sul. Essa é uma das poucas áreas do início da Terra que permaneceu razoavelmente intacta e inalterada".
Ele ainda disse: "Esses são os depósitos de moreia mais antigos já encontrados". Os depósitos em questão se tratam de detritos acumulados que foram deixados por uma geleira na medida em que ela derrete e, portanto, diminui. O fenômeno descrito recebe o nome de moreias glaciais fossilizadas.
Além do relatado, Axel Hofmann comentou sobre outras hipóteses que foram divulgadas durante o estudo: "Pode ser que essa área tenha sido próxima dos polos. Outra possibilidade é que a Terra tenha passado por um período 'Terra bola de neve', quando baixas concentrações de CO2 [dióxido de carbono] e CH4 [metano] geraram um 'efeito estufa reverso', fazendo com que grande parte do planeta congelasse", e continuou:
Cientistas acreditam que isso pode ter acontecido algumas vezes no passado recente. Se for o caso, esse seria um dos primeiros períodos de congelamentos global já registrado. Ambas as possibilidades são cientificamente interessantes."
