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Notícias / Paleontologia

Africanos podem ter descoberto ossos de dinossauros antes dos britânicos

Novo estudo sugere que antigos povos de toda a África teriam descoberto ossos de dinossauros bem antes dos britânicos e do surgimento do termo "paleontologia"

Éric Moreira Publicado em 08/01/2024, às 10h05

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Restos fossilizados de um dinossauro Massospondylus - Divulgação/Dr. K. Chapelle
Restos fossilizados de um dinossauro Massospondylus - Divulgação/Dr. K. Chapelle

Hoje em dia, muito se atribui crédito às primeiras descobertas de fósseis de dinossauros aos britânicos, que realizaram uma série de achados documentados entre os séculos 17 e 19.

Um dos primeiros que merecem destaque é o estudioso inglês de história natural Robert Plot, a primeira pessoa a descrever um osso de dinossauro, em seu livro 'The Natural History of Oxfordshire' ('A História Natural de Oxfordshire', em português), de 1676. Porém, um novo estudo demonstra que tais esqueletos já eram conhecidos muito antes.

De acordo com um artigo publicado por uma equipe de cientistas que estuda fósseis na África do Sul na última quinta-feira, 4 de janeiro, no The Conversation, é possível que o primeiro osso de dinossauro descoberto na história da humanidade tenha sido revelado bem antes de Plot, na África.

Conforme descreve o artigo, a humanidade teve origem na África há 300 mil anos e, graças ao grande número de afloramentos rochosos do continente, fósseis sempre foram acessíveis aos antepassados da região. Por isso, eles já eram conhecidos e interpretados muito antes do surgimento da ciência da Paleontologia como a conhecemos.

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Uma localidade de destaque na publicação é o sítio arqueológico de Bolahla, um abrigo rochoso da Idade da Pedra localizado no Lesoto. O local teria sido abrigado entre os séculos 12 e 18 pelos povos Khoesan e Basotho, mas é conhecido ainda mais por revelar a espécie Massospondylus carinatus, um dinossauro de pescoço longo e cabeça pequena que poderia chegar a entre 4 e 6 metros.

Em 1990, arqueólogos que trabalhavam no local descobriram o osso do dedo de um desses dinossauros, uma falange fóssil, e puderam constatar ter sido transportado até a caverna, visto que não foram achados outros esqueletos por lá.

Logo, mesmo que por simples curiosidade, ou com a intenção de transformar o osso em um pingente, alguma pessoa já havia descoberto um osso de dinossauro e, ainda por cima, levado consigo até a caverna.

Infelizmente, não é possível confirmar a data exata em que a falange foi descoberta e transportada até a caverna, mas pesquisadores estimam que pode ter acontecido enquanto o abrigo era ocupado, entre os séculos 12 e 18. Ou seja, o osso de dinossauro pode ter sido recolhido até 500 anos antes do artigo descrito por Robert Plot.

Monstros africanos

Este apontamento na África, porém, não é o único que pode ter sido feito antes da descoberta descrita por Plot no século 17. Na Argélia, por exemplo, algumas pegadas de dinossauro eram associadas no passado ao lendário "pássaro Roc"; na América do Norte, já foram encontradas pinturas rupestres com pegadas de dinossauros feitas pelo povo Anasazi, entre os anos 1000 e 1200 d.C.

Além destes, indígenas da Austrália também identificavam pegadas de dinossauro como pertencentes a outra criatura lendária, o "homem emu"; na América do Sul, em 1519, astecas enviaram ao conquistador espanhol Hernan Cortes o fêmur fóssil de um mastodonte; na Ásia, povos hindus se referenciavam já adoravam há 2 mil anos as amonites, conchas marinhas fósseis enroladas, chamando-as de "Shaligrams", segundo a Live Science.

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Agora, com a relação entre achados fósseis e o folclore e lendas antigas de várias regiões do globo, os pesquisadores esperam reunir peças de "um passado esquecido" e devolver crédito sobre descobertas paleontológicas importantes às comunidades locais. Assim, esperam inspirar "uma nova geração de paleocientistas locais a seguir os passos destes primeiros caçadores de fósseis africanos", concluem.