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Notícias / Arqueologia

Arte rupestre em caverna na Argentina pode ter mantido antigos povos unidos

Com cerca de 8.200 anos, artes rupestres da Patagônia argentina podem ter transmitido informações por 100 gerações; entenda!

Éric Moreira Publicado em 15/02/2024, às 10h11

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Artes rupestres em caverna da Patagônia argentina - Divulgação/GRV
Artes rupestres em caverna da Patagônia argentina - Divulgação/GRV

Em meio à Patagônia da Argentina, no extremo sul do país, uma galeria de arte rupestre decora o interior de uma caverna, sendo ela já conhecida há anos pela comunidade arqueológica. Porém, uma análise mais recente revelou que algumas de suas obras eram mais antigas do que se pensava, com até 8.200 anos, e podem ter tido grande importância para os antigos humanos que viviam na região.

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Acabou sendo vários milênios mais velho do que esperávamos", contou Guadalupe Romero Villanueva, arqueólogo do Conselho Nacional de Pesquisa da Argentina (CONICET) e do Instituto Nacional de Antropologia e Pensamento Latino-Americano (INAPL), e principal autor do estudo, ao Live Science.

Para que a idade da obra de arte — que retrata humanos, animais e outras figuras, segundo o Live Science —, foram recolhidos pequenos pedaços de pigmento preto dos desenhos. Como eles eram compostos por matéria vegetal, foi possível realizar uma análise por radiocarbono, conforme descrito no estudo, publicado na última quarta-feira, 14, na revista Science Advances.

"Normalmente é muito difícil datar a arte rupestre, a menos que tenha um componente orgânico, caso contrário não há realmente nenhum material que possa ser datado", descreve Ramiro Barberena, arqueólogo da Universidade Católica de Temuco, no Chile, e do CONICET, coautor do estudo. "[A caverna] não é a ocupação mais antiga da América do Sul, mas é a mais antiga arte rupestre baseada em pigmentos datada diretamente por radiocarbono na América do Sul."

Na caverna, podem ser encontradas cerca de 895 pinturas, mas não se sabe exatamente quais culturas antigas as criaram. Porém, os investigadores acreditam que o trabalho pode ter servido, no passado, para transmitir informações entre ilustradores e outras comunidades, além de gerações futuras.

Esses [desenhos] abrangem mais ou menos 3.000 anos dentro de um único motivo", acrescenta Barberena. "Propomos que houve uma transmissão de informação através de múltiplas gerações humanas, que habitavam a mesma região e o mesmo local."

União de povos?

No momento, os pesquisadores ainda não podem concluir para que a arte rupestre foi criada, se para uma cerimônia ou algum tipo de reunião intergrupal. Porém, acreditam "que foi parte de uma estratégia humana para construir redes sociais entre grupos dispersos, o que contribuiu para tornar estas sociedades mais resilientes contra uma ecologia muito desafiadora."

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Vale mencionar que, durante o Holoceno tardio, de quando as pinturas datam, a Patagônia era extremamente seca e quente. "Havia grandes partes da paisagem sem água, mas para sobreviverem como caçadores-coletores, eles precisariam permanecer conectados", pontua Barberena. "Teria sido difícil fazer isso sozinho, então a troca de informações era importante."

Também é descrito que, embora existam artes rupestres conhecidas em outros pontos da Patagônia argentina, a caverna contém facilmente a maior concentração: "É incrível a quantidade de arte rupestre que encontramos lá.

Na paisagem envolvente existem vários sítios de arte rupestre, mas nenhum deles apresenta a diversidade de formas e cores aqui encontradas. Portanto, é evidente que este local foi provavelmente um ponto quente de comunicação no passado e crucial para a sobrevivência dessas sociedades", disse Romero Villanueva.