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Notícias / Sobrevivência

A história por trás da foto dos migrantes que viajaram 11 dias em leme de navio

O trio decidiu subir na embarcação clandestinamente, pegando carona às escondidas

Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 29/11/2022, às 13h49 - Atualizado em 02/12/2022, às 13h16

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Fotografia dos imigrantes no leme de navio-tanque - Divulgação/ Guarda Costeira da Espanha
Fotografia dos imigrantes no leme de navio-tanque - Divulgação/ Guarda Costeira da Espanha

No último dia 17 de novembro, o Alithini II, um navio-tanque destinado ao transporte de petróleo, deixou a cidade portuária de Lagos, na Nigéria, com uma carga maior do que aquela pretendida. 

Isso porque, sem que as autoridades soubessem, três homens haviam entrado na embarcação de forma clandestina a fim de conseguirem uma carona para as Ilhas Canárias, arquipélago pertencente à Espanha, que é para onde o cargueiro se dirigia. 

O trio estava escondido no leme do navio, uma estrutura de metal que fica logo acima da superfície da água. A situação era tornada particularmente precária devido ao pouco espaço disponível sobre o leme, que fazia com que eles fossem obrigados a permanecerem sentados e com as costas curvadas devido ao formato do casco acima deles.

Sua viagem foi uma verdadeira prova de sobrevivência, durando 11 dias e deixando os migrantes muito debilitados. Eles foram descobertos pela Guarda Costeira espanhola apenas na última segunda-feira, 28 de novembro, quando a embarcação aportou em seu destino após ter percorrido quase 3 mil milhas. 

Logo após seu resgate, os passageiros clandestinos precisaram ser encaminhados para o hospital mais próximo a fim de receberem tratamento médico, uma vez que apresentavam quadros de desidratação e hipotermia. Um dos integrantes do grupo, em particular, se encontrava em estado mais grave que o dos outros, sendo internado de forma prolongada. 

A fotografia da chegada ao trio à costa atraiu grande atenção nas redes sociais devido às condições extremas a que os homens se submeteram para realizar o trajeto. Segundo a Associated Press, as autoridades das Ilhas Canárias determinaram que todos eram naturais da Nigéria. 

Questão da imigração 

A imigração ilegal da porção norte do continente africano para as ilhas Canárias aumentou massivamente nos últimos anos, conforme a Reuters, de forma que a ocorrência de jornadas arriscadas como essa empreendida pelos três nigerianos não são assim tão incomuns.

Apenas desde 2014, um total de 2.976 imigrantes desapareceram ou morreram enquanto tentavam cruzar o oceano entre a África e o arquipélago espanhol. 

A odisséia da sobrevivência está muito além da ficção. Não é o primeiro [caso] e não será o último. Os clandestinos nem sempre tem a mesma sorte", apontou o jornalista Txema Santana, morador do território, em uma publicação no Twitter.

Últimas atualizações

Nas Ilhas Canárias, é considerada responsabilidade do operador de um navio fornecer abrigo temporário para quaisquer passageiros ilegais, além de organizar a viagem de volta ao local de origem deles. 

Ainda na última terça-feira, 29, apenas um dia após a chegada dos imigrantes à terra firma, dois deles (os que haviam recebido alta do hospital) já foram devolvidos ao petroleiro no qual vieram como parte dos planejamentos para sua deportação de volta à Nigéria. 

A decisão foi criticada por Helena Maleno, que é a diretora da Walking Borders, uma ONG que busca defender os direitos dos refugiados, ainda de acordo com a Reuters. 

As condições da viagem já são uma indicação de que algo muito sério pode estar por trás dela, porque as fotos são espantosas. Nunca vimos condições como esta onde as pessoas chegaram com vida (...) Eles devem estar em estado de choque. Eles precisam de alguns dias para se recuperar e, a partir daí, podem explicar do que estavam fugindo para tomar essa decisão", apontou ela. 

A agência de notícias perguntou às autoridades das Ilhas Canárias se os nigerianos haviam sido informados de seu direito de pedir por asilo político no território, porém não obtiveram resposta.