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Notícias / Biologia

Cientistas desvendam espécie de 'super poder' de axolotes

De acordo com a bióloga Ashley Maynard, a descoberta pode abrir caminho para pesquisas em medicina regenerativa

Éric Moreira Publicado em 04/10/2022, às 16h21

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Axolote, espécie de salamandra que não se desenvolve em fase larval - Foto por Ruben Undheim pelo Wikimedia Commons
Axolote, espécie de salamandra que não se desenvolve em fase larval - Foto por Ruben Undheim pelo Wikimedia Commons

O axolote é uma espécie de salamandra aquática com uma capacidade muito peculiar e que sempre intrigou cientistas: ela é capaz de regenerar partes do seu corpo, até mesmo as mais complexas como a medula espinhal e o coração, além de membros. No entanto, além disso tudo, estes anfíbios também produzem novos neurônios ao longo de toda sua vida.

Em 1964, alguns pesquisadores, enquanto analisavam axolotes, determinaram que os animais poderiam regenerar partes do cérebro, mesmo que uma grande parte fosse removida. Porém, logo um estudo confirmou que, apesar de impressionante, a regeneração cerebral do axolote tem, sim, uma capacidade limitada.

Então, tentando responder a questão sobre com qual perfeição um axolote pode regenerar seu cérebro após uma lesão, pesquisadores do Laboratório Treutlein da ETH Zurique, e do Laboratório Tanaka do Instituto de Patologia Molecular em Viena desenvolveram um estudo.

Para isso, a equipe optou por focar as pesquisas no telencéfalo — importante no comportamento e cognição dos animais — do axolote.

Fotografia de um axolote
Fotografia de um axolote / Crédito: Foto por Amandasofiarana pelo Wikimedia Commons

Processo

A partir de uma análise com uma técnica chamada scRNA-seq, os diferentes tipos de células que compõem o telencéfalo do axolote, incluindo diferentes tipos de neurônios e celular progenitoras, foram identificadas.

Então, a regeneração foi testada: primeiro, retiraram uma seção do telencéfalo do espécime, e puderam, assim, capturar e sequenciar todas as novas células em diferentes estágios de regeneração, que iam de uma a 12 semanas após a lesão.

Com a análise, determinaram que todos os tipos de células removidos foram completamente restaurados. Ainda puderam perceber que o processo se divide em três fases principais: na primeira, há um rápido aumento no número de células progenitoras, e uma pequena fração dessas células ativa um processo de cicatrização de feridas; na segunda, as células progenitoras começam a se diferenciar em neuroblastos; por fim, na terceira, os neuroblastos se diferenciam nos mesmos tipos de neurônios que foram originalmente perdidos.

Examinar a capacidade de regeneração cerebral destes anfíbios pode ser importante para o desenvolvimento de novas pesquisas sobre medicina regenerativa para humanos.

Com isso, os tratamentos para lesões graves podem ser eventualmente melhorados e, assim, o potencial de regeneração em humanos pode ser desbloqueado, como informado pela pesquisadora Ashley Maynard, do Instituto Federal de Tecnologia Suíço, em texto publicado na Revista Galileu.