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Notícias / Segunda Guerra

Datados da 2ª Guerra, pães mumificados são achados em sítio arqueológico na Bahia

Região foi usada para mineração durante o conflito — quando o Brasil ainda vivia o regime de Vargas

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 20/07/2023, às 10h26

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Pães mumificados datados da Segunda Guerra - UNEB
Pães mumificados datados da Segunda Guerra - UNEB

Durante escavações em um sítio arqueológico no norte da Bahia, pesquisadores do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia (LAP), do Departamento de Educação (DEDC) do Campus VII da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), na cidade de Senhor do Bonfim, fizeram uma descoberta incrível: pães mumificados datados da Segunda Guerra Mundial.

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A descoberta aconteceu em Garimpo Prateado, na cidade de Campo Formoso, em uma região rural e semiárida que possui pouca documentação histórica. O sítio foi utilizado durante o conflito, quando o Brasil vivia a ditadura do governo de Getúlio Vargas.

No local era a feito a retirada de minério estratégico usado para a tecnologia de comunicação: o cristal de quartzo. Com o apoio do Brasil aos Aliados, todo o material retirado de lá era vendido para os Estados Unidos.

No sítio arqueológico, a equipe da UNEB encontrou a área onde ficava o acampamento de mineração. Segundo repercutido pelo G1, por lá foram identificados restos de garrafas — tanto de bebidas alcoólicas quanto de remédios para gripe e tosse — e tralhas de uso médico.

Um dos locais explorados pelos pesquisadores/ Crédito: UNEB

Os pães mumificados

Já outra região encontrou-se a padaria do garimpo, que atualmente ainda existe, mas está em ruínas. No meio dos sedimentos e das cinzas de uma antigo forno, os pesquisadores localizaram os pães mumificados.

Acredita-se que os pães estavam queimados, portanto, os mesmos haviam sido descartados nas cinzas do forno, conforme aponta Cristiana Santana, professora da UNEB e coordenadora da pesquisa:

O que resultou na dessecação e consequente mumificação natural desse vestígio arqueológico". Cristina considera o achado "muito raro na arqueologia".

Um fato interessante é que o pão encontrado mumificado é muito semelhante aos que ainda hoje são comercializados na região, como os "pães de cesto" ou "pães amassados por pés". Entretanto, os alimentos de 80 anos são menores, provavelmente pela perda de volume causada pela desidratação.

Os pesquisadores Gilmar Silva, Cristiana Santana e Joyce Avelino/Crédito: UNEB

O Garimpo de Prateado sucumbiu devido à falta de estruturas sanitárias, que permitiram que um surto de meningite atingisse os trabalhadores, aponta Gilmar Silva, arqueólogo que é mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental (PPGEcoH) da UNEB.

Aos poucos os homens retornaram às suas vidas nas roças e às atividades com os rebanhos de cabras e caças", relatou.