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Notícias / Vírus zumbi

Derretimento do permafrost pode liberar 'vírus zumbi' e causar pandemia global

Micróbios que existem desde antes do surgimento dos ancestrais mais antigos dos humanos modernos podem causar alerta global: 'Ameaça tangível', diz geneticista

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 22/01/2024, às 10h07

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Vírus isolado de uma amostra de permafrost com 30.000 anos de idade - Jean-Michel Claverie/IGS/CNRS-AM
Vírus isolado de uma amostra de permafrost com 30.000 anos de idade - Jean-Michel Claverie/IGS/CNRS-AM

Estima-se que 25% do solo do hemisfério norte contenha permafrost — nome dado para a camada do subsolo da crosta terrestre que está permanentemente congelada. Mas com o aumento das temperaturas do planeta, seu derretimento pode desencadear uma nova emergência catastrófica de saúde global

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Acontece que, segundo pesquisadores, o derretimento do permafrost do Ártico, por exemplo, pode causar a libertação de antigos vírus congelados que podem ser mortais para a humanidade

"Enfrentamos agora uma ameaça tangível e precisamos de estar preparados para lidar com ela. É simples assim", disse o The Guardian o geneticista Jean-Michel Claverie, professor emérito de medicina e genômica na Universidade de Aix-Marseille.

Em um trabalho cooperativo internacional de ensino e investigação, especialistas já começaram a trabalhar no estabelecimento de uma rede de monitorização para ajudar a identificar de maneira precoce causas de doenças causadas por microorganismo antigos; antes que sua propagação possa sair do controle. 

A rede também visará oferecer instalações de quarentena e serviços médicos para os possíveis pacientes infectados — o que ajudará a minimizar um potencial surto, prevenindo que pessoas contagiosas deixem a região. 

Vírus zumbi

Conforme repercute matéria do NY Post, a preocupação se dá pelos chamados micróbios Matusalém — também conhecidos como vírus zumbi — que são capazes de viverem por dezenas de milhares de anos 'adormecidos' no solo de gelo. 

"A parte crucial do permafrost é que ele é frio, escuro e carente de oxigênio, o que é perfeito para preservar material biológico", explica Claverie. "Você poderia colocar um iogurte no permafrost e ele ainda poderia ser comestível 50 mil anos depois".

Os especialistas acreditam que as camadas mais profundas do permafrost possam guardar vírus que habitaram a Terra até um milhão de anos no passado; ou seja, muito antes dos mais antigos ancestrais humanos, que apareceram há 300 mil anos. 

O que significa, portanto, que os humanos modernos não possuem imunidade natural contra esses vírus pré-históricos. "Nosso sistema imunológico pode nunca ter entrado em contato com alguns desses micróbios, e isso é outra preocupação", aponta o geneticista. 

O cenário de um vírus desconhecido que uma vez infectou um Neandertal voltando para nós, embora improvável, tornou-se uma possibilidade real", constata. 

Embora o cenário de um vírus antigo escapar de suas prisões geladas nas regiões mais remotas do planeta e acarretar uma pandemia global pareça algo um tanto quanto improvável, os virologistas acreditam que existam cenários que isso possa realmente acontecer. 

"Não sabemos que vírus existem no permafrost, mas penso que existe um risco real de que possa haver um vírus capaz de desencadear um surto de doença — por exemplo, uma forma antiga de poliomielite", especula a virologista Marion Koopmans, Erasmus Medical Center em Rotterdam.

Temos que assumir que algo assim poderia acontecer", finaliza.