Nova lei que entra em vigor no próximo dia 1º também proíbe apresentações para crianças
Uma lei recentemente promulgada pelo governador Bill Lee no estado americano do Tennessee, que criminaliza apresentações de drag queens em público e na frente de crianças, está gerando controvérsia em todo o país.
A lei tem sido considerada discriminatória, já que as performances para crianças, ao contrário do que afirmam os conservadores, não têm natureza sexual.
"Não sei quem vai ser o juiz das apresentações de drag para decidir se elas devem ser apenas para adultos", disse Veronika Eletronika, drag queen que se apresenta em Nashville, de acordo com o portal de notícias G1.
Desde 2015, Steve Raimo, criador da personagem Veronika, está envolvido em um programa que consiste em drag queens contarem histórias para crianças de 3 a 11 anos em bibliotecas públicas. Com a introdução da nova lei, a comunidade teme que essa valiosa oportunidade de promover a convivência com a diversidade de gênero seja perdida.
Há uma longa tradição de pessoas fantasiadas contando histórias para crianças. Mas, agora, os ultraconservadores não querem que elas convivam com pessoas da comunidade LGBT. É ridículo. Somos pais, filhos e há até drags que são heterossexuais”, disse Steve.
Para o ativista Chris Sandres, que também questiona a lei, há uma grande contradição no discurso conservador: “Líderes de torcida também dançam mexendo os quadris, mas é só quando as drags rebolam que isso se torna algo sexual?”
Apesar da nova lei que entrará em vigor em 1º de abril, um grupo organizou um café da manhã familiar animado por drag queens, demonstrando sua resistência. Gilda Wabbit, que tem formação em música clássica e canto lírico, utiliza seus shows no estado vizinho, Kentucky, para arrecadar fundos em prol de crianças com câncer. Porém, até mesmo lá uma lei semelhante está em discussão.
Na prática, os shows vão ficar proibidos em toda parte e eu vou perder o emprego e a carreira, que me dedico há quase dez anos”, falou.
De acordo com a fonte, a restrição às apresentações de drag queens não se limita apenas aos estados de Tennessee e Kentucky, uma vez que existem atualmente 26 projetos de lei em tramitação em outros 13 estados americanos que buscam limitar essa forma de manifestação artística. Esses estados possuem uma maioria conservadora, o que aumenta as chances das propostas serem aprovadas.
