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Notícias / Bruxas

Por que as mulheres do século 17 eram intituladas de ‘bruxas’?

A pesquisadora responsável pelo estudo analisou manuscritos de astrólogo que recebia queixas sobre ‘bruxas’

Redação Publicado em 19/09/2023, às 16h49 - Atualizado às 18h05

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Ilustração de julgamento de bruxas de Salem - Domínio Público
Ilustração de julgamento de bruxas de Salem - Domínio Público

Uma pesquisa liderada pela historiadora Philippa Carter, da Universidade de Cambridge, oferece novas perspectivas sobre a perseguição às mulheres acusadas de bruxaria na Inglaterra moderna, apontando que, além da misoginia, as acusações estavam relacionadas às profissões exercidas por elas na época.

O estudo, publicado na revista Gender & History, busca responder a uma pergunta persistente entre historiadores da bruxaria na Europa Moderna: por que a maioria das pessoas acusadas de serem "bruxos" era composta por mulheres, com uma porcentagem baixa de homens envolvidos nesses casos?

Para encontrar respostas, Philippa Carter analisou antigos manuscritos de Richard Napier, um astrólogo e médico que atendia clientes na Inglaterra durante a era jacobina, de acordo com a Galileu.

Napier ganhou reputação não como pregador, mas como 'médico de corpo e alma' ", escreveu a pesquisadora. "Ao longo de uma carreira de quatro décadas (1597 a 1634), ele ouviu relatos de suspeita de feitiçaria em pelo menos 1.714 das 69.725 consultas".

Página de um manuscrito de Napier - Crédito: Biblioteca Bodleian

Profissões das mulheres

A pesquisadora identificou que as mulheres da época frequentemente ocupavam profissões suscetíveis a acusações de bruxaria. Essas ocupações envolviam principalmente cuidados com a saúde, crianças, preparação de alimentos, produção de laticínios e cuidados com o gado.

Quando ocorriam eventos como mortes prematuras, doenças ou problemas com alimentos, as mulheres que exerciam essas profissões eram frequentemente alvo de acusações de "sabotagem mágica". Isso contrastava com as profissões consideradas "masculinas", que frequentemente envolviam o uso de materiais resistentes.

A frequência do contato social nas profissões femininas aumentou a probabilidade das mulheres se envolverem nas divergências ou mal-entendidos que muitas vezes sustentavam as suspeitas de bruxaria”, diz Carter.

Alimentos e gado

A pesquisadora argumenta que a natureza das profissões femininas aumentava a probabilidade de conflitos ou mal-entendidos que frequentemente levavam às suspeitas de bruxaria. Pacientes frequentemente procuravam Napier preocupados com a possibilidade de terem sido enfeitiçados por vizinhos, buscando confirmação nas estrelas ou amuletos para proteção.

Além disso, acusações de feitiçaria estavam ligadas a setores como cervejaria e panificação, nos quais algumas mulheres atuavam como curandeiras locais e eram responsáveis ​​por tratamentos que nem sempre obtinham sucesso. Outra causa comum de acusação de bruxaria era a perda de ovelhas e gado, uma vez que mais da metade dos trabalhadores do setor pecuário da época eram mulheres.