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Notícias / Formiga

Formiga africana é capaz de produzir antibiótico para tratar feridas

Uma espécie de formiga encontrada no sul do Saara e nas savanas África Ocidental é capaz de identificar feridas e produzir seu próprio antibiótico

por Giovanna Gomes

ggomes@caras.com.br

Publicado em 03/01/2024, às 09h09

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Formigas da espécie M. analis foram estudadas pelos pesquisadores - Divulgação/Erik Frank/University of Wuerzburg
Formigas da espécie M. analis foram estudadas pelos pesquisadores - Divulgação/Erik Frank/University of Wuerzburg

Encontradas comumente no sul do Saara e nas savanas da África Ocidental, as formigas Megaponera analis têm uma dieta exclusiva de cupins, mas a tarefa de se alimentar desses insetos nem sempre é simples, muitas vezes resultando em ferimentos causados pelas poderosas mandíbulas dos cupins.

Em resposta a essa desafio, essas formigas desenvolveram uma notável estratégia de sobrevivência: a produção de seus próprios antibióticos para identificar áreas feridas infectadas por bactérias. Esta descoberta foi comunicada por pesquisadores em um estudo publicado em 29 de dezembro de 2023 na revista Nature Communications.

No tratamento de ferimentos, as formigas M. analis aplicam compostos antimicrobianos e proteínas nas lesões, demonstrando uma eficácia notável.

Conforme apontado pela pesquisa, a taxa de mortalidade de indivíduos infectados é reduzida em 90%. Esses antibióticos são derivados da glândula metapleural, localizada ao lado do tórax das formigas. A secreção desta glândula contém 112 componentes, metade dos quais apresenta propriedades antimicrobianas ou de cicatrização de feridas.

Um dos líderes do estudo, Erik Frank, da Universidade Julius-Maximilians (JMU) na Alemanha, destaca que, excluindo os humanos, não há conhecimento de outro ser vivo capaz de realizar tratamentos médicos tão sofisticados para feridas.

De acordo com o portal Galileu, as análises químicas, realizadas em colaboração com o professor Thomas Schmitt da JMU, revelaram que o perfil de hidrocarbonetos da cutícula (ou epiderme) das formigas se modifica em resposta a uma infecção na ferida. Essa alteração é reconhecida pelas formigas, permitindo-lhes diagnosticar a infecção em suas companheiras feridas.

Implicações médicas

Laurent Keller, outro líder da pesquisa, aponta que as descobertas têm implicações médicas, pois o patógeno primário nas feridas das formigas, a bactéria Pseudomonas aeruginosa, também é uma das principais causas de infecção em humanos, sendo que várias cepas são resistentes a antibióticos.

O próximo passo na pesquisa envolverá a exploração de comportamentos de cuidados com feridas em outras espécies de formigas e animais, buscando identificar e analisar os antibióticos utilizados pelas M. analis em colaboração com outros grupos de pesquisa. Isso pode abrir caminho para a descoberta de novos antibióticos com potencial aplicação em humanos.

+ Confira aqui o estudo completo.