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Notícias / Arqueologia

Fóssil de 8,7 milhões de anos pode mudar o que se sabe sobre origem dos humanos

Hoje, acredita-se que os primeiros humanos surgiram na África; porém, novo estudo aponta outra hipótese

Éric Moreira, sob supervisão de Ingredi Brunatto Publicado em 28/08/2023, às 11h21 - Atualizado em 30/08/2023, às 09h45

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Crânio de primata de 8,7 milhões de anos encontrado na Turquia - Divulgação/Universidade de Toronto
Crânio de primata de 8,7 milhões de anos encontrado na Turquia - Divulgação/Universidade de Toronto

Hoje, grande parte da comunidade científica acata uma teoria aceita há bastante tempo de que os primeiros humanos teriam surgido no que hoje conhecemos como o continente africano. No entanto, um crânio parcial encontrado em 2015 na Turquia, datado de 8,7 milhões de anos atrás e pertencente a um antigo primata pode desafiar esse pensamento, sugerindo que a humanidade teria surgido, na verdade, na Europa.

Batizado de Anadoluvius turkae, o primata teve o crânio encontrado em 2015 em Çorakyerler, perto da cidade de Çankırı, na Turquia. O estudo recente, por sua vez, foi publicado no dia 23 de agosto na Communications Biology, desenvolvido por uma equipe internacional liderada por David Begun da Universidade de Toronto, no Canadá, e pela professora Ayla Sevim Erol da Universidade de Ancara, da Turquia.

O novo estudo demonstrou que o Mediterrâneo abriga fósseis de diversos tipos de macacos, entre os quais muitos fazem parte da primeira disposição conhecida dos primeiros Homininae, o grupo onde se encontram os humanos, macacos africanos — como chimpanzés, bonobos e gorilas — e seus ancestrais.

As nossas descobertas sugerem ainda que os Homininae não só evoluíram na Europa Ocidental e Central, mas passaram mais de cinco milhões de anos evoluindo lá e espalhando-se pelo Mediterrâneo Oriental antes de eventualmente se dispersarem na África, provavelmente como consequência da mudança de ambientes e da diminuição das florestas", explica David Begun em comunicado.

Para chegar a tal afirmação, o fóssil do Anadoluvius turkae foi submetido à análise de um programa que calcula relações evolutivas, que permitiu à equipe codificar alguns de seus atributos físicos. Assim, após a aplicação de uma imagem espalhada, percebeu-se que sua testa possuía o osso preservado até a coroa do crânio, enquanto "fósseis descritos anteriormente não têm esta grande parte da caixa cerebral", segundo Begun.

Além do mais, vale pontuar que o primata era bastante grande, pesando entre 50 e 60kg, quase igual a uma gorila fêmea (que pode chegar a entre 75 e 80kg). Já sua vida ocorria principalmente no chão de florestas secas, e não em matas fechadas como vivem os grandes símios de hoje, assemelhando-se ainda mais ao estilo de vida dos primeiros hominídeos

As mandíbulas poderosas e os dentes grandes e esmaltados sugerem uma dieta que inclui alimentos duros ou duros de fontes terrestres, como raízes e rizomas [tipos de caules]", acrescenta Sevim Erol.

Da Europa à África

Ainda segundo o estudo, grande parte da comunidade ecológica da África se dispersou a partir do Mediterrâneo oriental há aproximadamente 8 milhões de anos, o que engloba inclusive espécies como girafas, rinocerontes, antílopes, zebras, elefantes, porcos-espinhos, hienas e alguns carnívoros felinos similares aos leões.

Além disso, outros macacos já extintos provenientes da Grécia (como o Ouranopithecus) e da Bulgária (o Graecopithecus), formam, juntamente ao Anadoluvius turkae, um grupo bastante semelhante em anatomia e ecologia aos primeiros hominídeos.

Isso sem mencionar que, conforme evidenciado pelos pesquisadores, os macacos dos Balcãs e da Anatólia evoluíram a partir de ancestrais europeus, sugerindo mais uma vez uma diversificação no continente, em vez de ramos se separarem e se movido, em grupos, à África.