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Notícias / Arqueologia

Humanos podem ter começado a cavalgar há cerca de 5 mil anos, indica estudo

Ao analisarem túmulos de 4,5 a 5 mil anos atrás, pesquisadores acreditam ter encontrado primeiras evidências de seres humanos que andavam a cavalo; entenda!

Éric Moreira sob supervisão de Giovanna Gomes Publicado em 07/03/2023, às 10h32

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Antigo túmulo pertencente a possível cavaleiro da Bulgária - Divulgação/Michał Podsiadło
Antigo túmulo pertencente a possível cavaleiro da Bulgária - Divulgação/Michał Podsiadło

Após analisarem túmulos pertencentes ao povo Yamnayan, grupo que migrou das estepes pôntico-cáspias para encontrar pastagens mais verdes nos territórios atuais da Romênia até a Sérvia, pesquisadores encontraram esqueletos datados de 4,5 a 5 mil anos atrás que, surpreendentemente, apresentavam evidências de que aqueles indivíduos já andavam a cavalo — sendo este possivelmente o registro mais antigo de equitação da história da humanidade

De acordo com a Revista Galileu, nas regiões onde os Yamnayan se estabeleceram na época, podem ter desenvolvido atividades pastoreias com gados e ovinos, possivelmente montados a cavalos, como aponta estudo publicado na última sexta-feira, 3, na revista científica Science.

Com isso, como essas são as evidências mais antigas de equitação da história, acredita-se que foi há cerca de cinco milênios que a humanidade sofreu essa virada em seu estilo de vida, como é apontado em comunicado. O ganho de mobilidade, por sua vez, surtiria efeitos diretos no uso de terra, no comércio e na guerra, da época.

Marcas no corpo

Volker Heyd, um dos pesquisadores envolvidos na descoberta, conta que a equitação teria se desenvolvido mais pouco tempo depois da domesticação dos cavalos, de forma que, entre os Yamnaya, isso já era uma prática comum há 3 mil anos. E ao analisarem restos mortais de pessoas da época, foi possível indicar algumas marcas que apontem que o costume já era bem disseminado.

Ao todo, foram analisados 217 esqueletos, em 39 locais diferentes. "Diagnosticar padrões de atividade em esqueletos humanos não é inequívoco. Não há traços singulares que indiquem uma determinada ocupação ou comportamento. Somente em sua combinação, como uma síndrome, os sintomas fornecem informações confiáveis ​​para entender as atividades habituais do passado", explica ainda Martin Trautmann, principal autor do estudo.

Então, para poder definir uma espécie de indicador de 'nível de equitação', foram utilizados pelos pesquisadores seis critérios de diagnósticos: locais de inserção muscular na pelve e osso da coxa; mudanças na forma redonda dos encaixes do quadril; marcas causadas pela pressão da borda acetabular no colo do fêmur; o diâmetro e a forma da haste do fêmur; degeneração vertebral causada por impacto vertical repetido; e traumas ​​por quedas, chutes ou mordidas de cavalos.

Alguns dos vestígios em ossos que indicam equitação
Alguns dos vestígios em ossos que indicam equitação / Crédito: Divulgação/Martin Trautmann

Além disso, ainda foi desenvolvido também um sistema de pontuação que organiza os esqueletos em uma escala de 'potencial de cavalaria'. Ao todo, dos 156 adultos nas amostras, 24 — equivalente a 15,4% — foram classificados como "possíveis cavaleiros", enquanto outros 9 como "cavaleiros altamente prováveis".

A prevalência bastante alta dessas características no registro do esqueleto, especialmente no que diz respeito à completude geral limitada, mostra que essas pessoas andavam a cavalo regularmente", explica Trautmann.

Porém, ele afirma também que ainda é cedo para afirmar que a equitação seria apenas uma conveniência no estilo de vida daquele grupo, sem a atribuição a algum tipo de status social, por exemplo. Por isso Trautmann indica, também, a necessidade de um maior estudo diretamente sobre a cultura Yamnaya.