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Notícias / Arqueologia

Joias pré-históricas sugerem a existência de 9 culturas na Europa na Idade da Pedra

Novo estudo analisou joias e contas de diferentes grupos humanos da pré-história da Europa, que variavam de acordo com a localização; confira!

Éric Moreira Publicado em 30/01/2024, às 10h16

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Conjunto de joias pré-históricas europeias analisadas - Divulgação/J. Baker, et al
Conjunto de joias pré-históricas europeias analisadas - Divulgação/J. Baker, et al

Ainda antes de a história escrita surgir como a conhecemos, vários grupos humanos pela Europa já possuíam suas próprias culturas definidas (ou se definindo), o que incluía hábitos de vestimentas, sepultamento e até mesmo confecção de joias e contas. Assim, a partir unicamente da análise de joias pré-históricas, pesquisadores classificaram nove grupos culturais distintos em todo o continente, no passado.

Os pesquisadores concentraram-se principalmente no período gravetiano (que durou entre 34 mil e 24 mil anos atrás), definido por caçadores-coletores que também eram artesãos adeptos, segundo estudo publicado na última segunda-feira, 29, na revista Nature Human Behavior.

De acordo com o Live Science, as habilidades de artesanato dos povos gravetianos chamam atenção pela grande variedade de materiais utilizados como ornamentos na confecção de contas, como marfim, ossos, dentes (incluindo de ursos, cavalos e coelhos), chifres, pedras preciosas, conchas e âmbar. Porém, além de ornamentos comuns, esses itens também servem como marcadores culturais destes grupos.

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No estudo, 134 "tipos distintos" de adornos recolhidos por arqueólogos por toda a Europa foram analisados, conforme comunicado. Então, informações coletadas de outros estudos científicos sobre estes grupos e seus adornos foram inseridas em um banco de dados, o que permitiu distinguir as contas entre os diferentes grupos.

Começamos a notar diferenças enquanto fazíamos o banco de dados", declarou Jack Baker, estudante de doutorado em pré-história na Universidade de Bordeaux, na França, e principal autor do estudo, ao WordsSideKick.com. "Na verdade, há uma grande diferença, especialmente entre o oeste e o leste."

Diferenças

Vale mencionar que, embora algumas espécies de animais ocorram apenas em regiões bastante específicas, raposas e veados eram abundantes em todo o continente europeu durante o período gravetiano. "No entanto, só vemos pessoas usando caninos de raposa no leste. [...] E só encontramos pessoas usando caninos de veado vermelho no oeste", acrescenta Baker.

Outro fator relevante é que também houve movimentação de materiais entre diferentes grupos. Isso pôde ser visto a partir de análises de um cemitério na Itália, onde restos mortais de um adolescente foram adornados com materiais encontrados a centenas de quilômetros de distância daquela região.

Então, sabemos que as coisas estavam sendo movidas. Sabemos especialmente que os dentes foram movidos e as conchas fósseis [também]. O movimento de materiais estava 100% acontecendo".

Assim, embora a separação geográfica pudesse explicar parcialmente as diferenças das contas entre os nove grupos, as "fronteiras culturalmente determinadas" foram ainda mais decisivas na formação desses grupos.

Vale mencionar ainda que a maioria dos grupos descritos puderam ser confirmados com base em dados genéticos existentes no registo arqueológico. O que não foi possível foi um grupo do Leste da Europa, que não havia quaisquer dados genéticos conhecidos disponíveis, além de outros dois grupos da Península Ibérica que só tinham dados de um mesmo indivíduo.

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"A genética é uma ferramenta realmente poderosa, mas a genética não é igual à cultura", pontua Baker, por fim. "Portanto, embora saibamos sobre esses grupos genéticos, isso não reflete necessariamente a sua cultura, o que considero uma mensagem realmente importante."