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Notícias / Carta com sangue

Jovens condenam pai à prisão perpétua após escreverem carta com sangue

Depois de seis anos que uma adolescente escreveu uma carta com seu próprio sangue, o assassino foi punido

Redação Publicado em 08/08/2022, às 14h09

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O advogado Sanjay Sharma e Latika Bansal, a filha mais velha da vítima - Imagem: SANJAY SHARMA
O advogado Sanjay Sharma e Latika Bansal, a filha mais velha da vítima - Imagem: SANJAY SHARMA

Depois de seis anos que uma adolescente na Índia escreveu uma carta com seu próprio sangue pedindo justiça para sua mãe queimada viva, o assassino - o próprio pai, Manoj Bansal - foi punido.

Com base nos relatos de testemunhas oculares de Latika Bansal, atualmente com 21 anos, e sua irmã mais nova, o tribunal da cidade Bulandshahr, no estado de Uttar Pradesh, no norte do país, condenou o pai delas à prisão perpétua.

As meninas informaram ao tribunal que o pai costumava bater na mãe por "não dar à luz um filho". Bansal negou as acusações feitas, e disse que sua esposa se suicidou. No final de julho, o tribunal concordou que Bansal era culpado de matar sua esposa.

A Índia tem uma crença cultural enraizada de que um filho do sexo masculino levaria adiante o legado da família e cuidaria dos pais na velhice, enquanto as filhas lhes custariam os seus bens e os deixariam ao ir para os lares de seus maridos.

Ativistas atribuem a esta crença práticas como: Negligência e maus tratos de meninas, além da proporção sexual dramaticamente distorcida da Índia. Causando a eliminação de dezenas de milhões de fetos femininos por meio de abortos seletivos de sexo, conhecidos como feticídio feminino.

Mais informações sobre o julgamento

Durante o julgamento, as irmãs Bansal contaram no tribunal que durante muitos anos o seu pai e a família dele, insultavam e agrediam sua mãe, Anu Bansal, por dar à luz somente a meninas. O tribunal informou que Anu foi forçada a realizar seis abortos, depois que testes ilegais de identificação de sexo mostraram que ela estava grávida de menina.

A irmã disse que sua vida mudou na manhã de 14 de junho de 2016, quando seu pai encharcou sua mãe com querosene e colocou fogo.

Às 6h30, fomos acordadas pelos gritos de nossa mãe. Não pudemos ajudá-la porque a porta do nosso quarto estava trancada do lado de fora. Nós a vimos queimar", disseram as meninas em seu depoimento no julgamento.

A irmã mais velha, Latika, disse que tentou ligar para polícia local e os serviços de ambulância, mas suas ligações foram ignoradas, logo em seguida elas ligaram para o tio materno e a avó, que chegaram rapidamente e levaram a mãe ao hospital.

De acordo com os médicos que a trataram, Anu Bansal teve 80% de seu corpo queimado. Ela morreu alguns dias depois no hospital.

O caso só veio à tona depois que as meninas - que na época tinham 15 e 11 anos - escreveram uma carta com o próprio sangue ao então ministro Akhilesh Yadav, acusando a polícia local de mudar a classificação do caso de assassinato para suicídio.

Em seguida, o investigador da polícia foi suspenso por não realizar uma investigação adequada e Yadav ordenou que a polícia e funcionários da administração supervisionassem o caso.

"Levamos seis anos, um mês e 13 dias para finalmente conseguir justiça", disse Sanjay Sharma, advogado que representou as irmãs no tribunal, à 'BBC'. Ele informou que nos últimos seis anos as meninas compareceram ao tribunal "mais de 100 vezes" e "nunca perderam um único encontro".

Este é um caso raro de filhas que abrem um processo contra o próprio pai e finalmente obtêm justiça", disse Sanjay Sharma.

O advogado acrescentou que não cobrou nada da família que era financeiramente vulnerável, e porque ele queria chamar a atenção para uma questão social. “Não está nas mãos de uma mulher decidir o sexo de uma criança, então por que ela deveria ser torturada e punida? Isso é mau.”


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