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Notícias / Família Médici

Membros da família Médici podem ter morrido em razão da malária

Nova pesquisa aponta que ao menos um Médici teria contraído malária — e pode ter morrido em decorrência da doença

por Giovanna Gomes

ggomes@caras.com.br

Publicado em 27/06/2023, às 13h44 - Atualizado em 30/06/2023, às 10h15

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Pintura do século XV retratando membros da família Médici - Wikimedia Commons / Benozzo Gozzoli
Pintura do século XV retratando membros da família Médici - Wikimedia Commons / Benozzo Gozzoli

Marcada por lutas de poder e assassinatos, a história da família Médici se confunde com a da própria Florença renascentista. Os ricos e poderosos banqueiros exerceram enorme influência no passado, tornando-se governantes do Ducado da Toscana no século 16.

Recentemente, pesquisadores descobriram, a partir da análise de órgãos enterrados no túmulo da família, um indivíduo que possivelmente morreu de malária — e que teria sido muito provavelmente contraída no campo de caça dos Médicis.

Segundo informações do portal Live Science, os pesquisadores encontraram evidências do parasita causador da doença e fizeram a primeira observação de um parasita daquela época — o qual permanece estruturalmente intacto.

Como explicou a fonte, em razão de seu grande poder, os Médici enterravam seus mortos como monarcas na Basílica de San Lorenzo, no centro de Florença. Os corpos eram depositados em caixões, enquanto que os órgãos eram removidos e armazenados em frascos de terracota.

Descoberta do parasita

No novo estudo, publicado em 18 de maio na revista Emerging Infectious Diseases, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, os pesquisadores analisaram amostras de tecido na tentativa de combinar os restos dos órgãos com seus respectivos corpos. Por acaso, a equipe responsável pelo estudo encontrou estruturas semelhantes a parasitas nos glóbulos vermelhos.

"Sabíamos que os glóbulos vermelhos poderiam ser preservados", declarou Albert Zink, diretor do Instituto de Estudos de Múmias, na Itália, ao Live Science. "Mas não esperávamos ver os parasitas", prosseguiu ele destacando que "quinhentos anos se passaram."

Confirmação

Análises subsequentes confirmaram que essas estruturas eram, de fato, o parasita da malária Plasmodium falciparum. Os cientistas já sabiam que a malária era endêmica na região desde os séculos II ou III até o início do século XX, mas acreditavam que a espécie endêmica de malária fosse o P. vivax, que causa uma forma mais leve da doença.

Embora os pesquisadores não possam afirmar com certeza se a malária foi a causa direta da morte desses indivíduos, é provável que eles tenham sofrido com febres recorrentes graves.

Segundo a fonte, o novo estudo marca a primeira vez em que o patógeno em si foi observado microscopicamente, em vez de apenas detectar as proteínas produzidas pelo parasita.

Apesar, disso, é importante destacar que as tentativas de análise de DNA foram inconclusivas. Por mais que o parasita tenha mantido sua estrutura geral, não houve preservação suficiente de DNA para avaliar como o P. falciparum histórico diferia geneticamente da forma encontrada hoje, conforme explicou Zink.

Campos de caça

A fonte destaca que os Médicis gostavam de caçar nos pântanos de Florença, que teriam sido o ambiente perfeito para que os mosquitos portadores de malária se proliferassem. 

Para Raffaella Bianucci, antropóloga biológica do Instituto Ronin, em Nova Jersey, o anonimato do indivíduo infectado torna mais difícil contextualizar os resultados ou entender os sintomas que ele apresentou. Uma análise mais aprofundada das amostras de tecido, porém, ainda pode ajudar na descoberta de sua identidade.

De todo modo, a pesquisa sugere que a malária estava mais disseminada do que se pensava anteriormente e que o P. falciparum, mais comum em regiões tropicais, sobreviveu no clima temperado italiano.

+ Confira aqui o estudo completo.