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Notícias / James Brown

Mesmo com câncer, James Brown recusou quimioterapia por empoderamento negro

Embora tenha sido diagnosticado com câncer de próstata em 2004, James Brown colocou símbolo negro como prioridade em seu tratamento

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 22/02/2024, às 13h13

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O cantor James Brown - Getty Images
O cantor James Brown - Getty Images

Expoente do funk e da cultura afroamericana, James Brown foi um dos cantores mais influentes do século passado. Em canções como 'Say It Loud - I'm Black and I'm Proud', por exemplo, ele fez questão de demonstrar todo seu amor-próprio e orgulho de sua cor

Mas o astro também tinha outra paixão: seu cabelo; quer ele o usasse com afro natural ou no estilo alisado. E foi justamente por conta disso que, em 2004, quando ele foi diagnosticado com câncer de próstata, que Brown decidiu que suas madeixas estavam em primeiro lugar em seu tratamento. 

Ele estava tipo: 'Não posso fazer quimioterapia, porque não quero perder todo o meu cabelo'. Quero dizer, isso foi real", diz sua filha, Yamma Brown, no documentário A&E de quatro partes 'James Brown: Say It Loud', que estreou na última segunda-feira, 20. 

"Graças a Deus, [a doença] estava nos estágios iniciais, o suficiente para que tudo o que ele realmente precisasse era de radiação. Foi difícil vê-lo passar por isso. Foi humilhante", prosseguiu. 

Apesar de seu diagnóstico, a lenda do R&B, que também sofria de diabete e pressão alta, não estava disposto a parar de trabalhar ou de se apresentar.

"Eu não quero ser um bebê. Eu só quero trabalhar", disse ele após seu diagnóstico, conforme repercute o documentário que teve produção executiva de Mick Jagger e Ahmir "Questlove" Thompson

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Tradição mantida

Apesar de sua saúde debilitada nas semanas anteriores à sua morte, em 2006, o astro ainda lutou para manter suas tradições das festas de fim de ano: como dar perus no Dia de Ação de Graças ou distribuir brinquedos para crianças carentes no Natal. 

Mas após ser internado naquele ano em um hospital para tratar de uma pneumonia, James Brown deu seu último suspiro no dia natalino, quando tinha 73 anos. 

"Eu fiquei: 'Ei, essa é a saída mais épica de todos os tempos'. Tipo, James Brown é uma estrela: 'Eu quero pegar o dia universal mais icônico e assumi-lo [para mim]'", disse Questlove sobre o fato do cantor ter morrido dia 25 de dezembro.

A obsessão de Brown por seu cabelo fez parte da imagem icônica que construiu ao longo da sua carreira. Por conta disso, ele se tornou tão meticuloso com sua aparência quanto por suas performances. 

Enquanto outras estrelas dos anos 60, como Marvin Gaye e Smokey Robinson, ganharam projeção ao apelarem ao "olhar branco", escreve o NY Post, Brown sempre se manteve fiel à cultura do orgulho negro

"Senhor Brown também era muito bem organizado, um perfeccionista", explica a professora e psicóloga Dra. Sinead Young no documentário. "E ele foi curado à sua maneira. Não foi uma empresa por trás dele dizendo: 'Você precisa se vestir assim e fazer isso'. Ele estava fazendo isso sozinho".

Ele acreditava na perfeição e que o público deveria receber aquilo pelo que pagou", diz seu filho Larry Brown. "Ele estava disposto a fazer o que fosse necessário para garantir que a perfeição estivesse lá. Ele exigiu isso – e ele conseguiu".