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Notícias / Partenon

Misteriosas manchas no Partenon intrigam cientistas em novo estudo

As manchas presentes no mármore do Partenon são um grande mistério para os cientistas; uma nova análise, porém, revelou detalhes que podem ajudar a entender o fenômeno

por Giovanna Gomes

ggomes@caras.com.br

Publicado em 23/01/2024, às 15h49

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Imagem ilustrativa - Imagem de timeflies1955 por Pixabay
Imagem ilustrativa - Imagem de timeflies1955 por Pixabay

Uma equipe de cientistas decidiu conduzir novas análises científicas em relação a uma película marrom misteriosa que cobre diversos fragmentos de mármore do célebre Partenon, templo dedicado à deusa grega Atena, na Grécia. Essa película tem intrigado arqueólogos por quase 200 anos, e a pesquisa sobre o tema foi registrada no periódico Heritage Science em 16 de janeiro.

O foco da investigação concentrou-se em uma cabeça de centauro esculpida em mármore, parte integrante do antigo templo e, atualmente, pertencente ao Museu Nacional da Dinamarca. Parcialmente coberta pela película marrom, a cabeça em questão fazia parte de uma representação de uma cena mitológica da batalha dos Lápitas contra os centauros, criaturas míticas que possuíam metade corpo de cavalo e metade corpo humano.

A cabeça, juntamente com outra parte do templo Partenon, chegou à Dinamarca em 1688 como um presente ao rei Christian V levado pelo capitão dinamarquês Moritz Hartmand, que participou da frota veneziana e esteve presente durante o bombardeio à acrópole de Atenas em 1687. Após grande parte do Partenon ter sido destruída, a cabeça foi colocada na Royal Kunstkammer, que mais tarde se tornou o Museu Nacional da Dinamarca.

De acordo com informações da revista Galileu, a película marrom foi examinada pela primeira vez pelo Museu Britânico em 1830. Na época, especialistas que buscavam determinar se a cor resultava de tinta antiga concluíram que a mancha poderia ser fruto de uma reação química entre o mármore e o ar.

Outra hipótese levantada na ocasião foi a de que o mármore continha partículas de ferro que migraram para a superfície, conferindo à peça uma coloração marrom.

Novo estudo

A equipe responsável pelo novo estudo visava descobrir se a película marrom poderia ter origem em organismos biológicos, como líquens, bactérias, algas ou fungos.

Mesmo que essa hipótese tenha sido sugerida anteriormente, nenhum organismo específico havia sido identificado, e não havia sinais confirmando que a mancha fosse tinta aplicada.

Para investigar essa questão, os retiraram cinco pequenas amostras da parte de trás da cabeça do centauro. Essas amostras foram submetidas a diversas avaliações nos laboratórios da Universidade do Sul da Dinamarca, incluindo uma análise de proteínas.

Cada vez mais perto

Apesar de o mistério sobre as manchas persistir, os cientistas agora têm mais pistas para chegar a uma resposta definitiva.

Kaare Lund Rasmussen, especialista em análises químicas de artefatos históricos e arqueológicos, destacou que não foram encontrados vestígios de matéria biológica nas camadas marrons, apenas impressões digitais e possivelmente um ovo de pássaro quebrado sobre o mármore na antiguidade. Isso não elimina completamente a possibilidade de uma substância biológica, mas torna essa teoria menos provável.

Além disso, agora é menos provável que o mármore tenha sido pintado ou preservado, uma vez que não foram encontrados vestígios de ingredientes típicos de tintas antigas, como ovos, leite e ossos, na mancha marrom.

O estudo também revelou que a película marrom consiste em duas camadas separadas, cada uma com espessura aproximadamente igual de cerca de 50 micrômetros. Ambas contêm uma mistura dos minerais de oxalato weddellita e whewellita, embora tenham composições diferentes.

A existência de duas camadas refuta a teoria de que a película marrom surgiu da migração de material, como partículas de ferro, e da reação com o ar. A poluição do ar também é considerada improvável, já que a cabeça de centauro está em ambiente fechado em Copenhague desde antes da industrialização moderna no século 18.

Rasmussen enfatizou que, como as duas camadas marrons apresentam composições químicas diferentes, é provável que tenham origens distintas. Isso sugere a possibilidade de aplicação de tinta ou tratamento de conservação, apesar de não terem sido encontrados vestígios de tais substâncias, mantendo a cor marrom como um mistério.

+ Confira aqui o estudo completo.