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Notícias / Polêmica

‘O Avesso da Pele’: Livro foi aprovado para ensino em 2022, no governo Bolsonaro

Postagens falsas afirmam que o PT, partido do atual presidente Lula, teria escolhido a obra para o Programa Nacional do Livro e do Material Didático

Redação Publicado em 06/03/2024, às 15h01 - Atualizado às 19h31

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Montagem com a capa do livro 'O Avesso da Pele', de Jeferson Tenório - Divulgação/Amazon
Montagem com a capa do livro 'O Avesso da Pele', de Jeferson Tenório - Divulgação/Amazon

Em um vídeo publicado no dia 1° de março pela diretora da Escola Estadual Ernesto Alves de Oliveira, Janaína Venzon, ela alega que a escola onde leciona recebeu do Ministério da Educação mais de 200 exemplares do livro ‘O Avesso da Pele’, de Jeferson Tenório, e reclama do “vocabulário” e das descrições de cenas de sexo presente em algumas páginas.

Em outra gravação, também repercutida intensamente, o deputado federal Marcelo Moraes (PL-RS) comentou: “Eu queria que vocês acompanhassem o que o PT pretende com a educação dos nossos filhos e dos nossos netos”, ao ler trechos da obra que apresentam a descrição de atos sexuais.

Contudo, o livro mencionado acima foi aprovado para uso no Ensino Médio pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), repercute o Estadão. Além disso, as instituições de ensino podem escolher quais obras vão receber do PNLD.

‘O Avesso da Pele’, publicado em 2020 pela Companhia das Letras, recebeu o título de melhor romance na edição de 2021 do Prêmio Jabuti. O livro é descrito pela editora como um romance sobre identidade, relações raciais, violência e negritude. No vídeo da diretora, trechos do capítulo ‘A pele’, que detalham a intimidade do protagonista com sua primeira namorada, são lidos fora de contexto.

A inclusão de linguagem vulgar e cenas de natureza sexual é intencional, refletindo os efeitos do racismo nas vidas das personagens e como a sociedade as percebe. Entendo que há uma má-fé das pessoas em pinçar justamente esses trechos, colocando-os de modo descontextualizado e insinuando que o livro é sobre sexo para crianças, o que não é verdade,” explicou Tenório, autor do livro, em entrevista ao Estadão.

Esclarecimentos

No vídeo publicado pela diretora, é possível observar a sigla PNLD no canto superior direito da obra. Essa iniciativa do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do governo federal, disponibiliza gratuitamente livros e outros materiais de apoio às escolas de todo o país. É importante ressaltar que, para participar do programa, é necessário que a instituição de ensino manifeste interesse e cumpra uma série de procedimentos.

Para chegar ao colégio em questão, (o livro 'O Avesso da Pele') ainda precisou passar por aprovação da própria diretora, que assinou o documento de ‘ata de escolha’ da obra e agora contesta o conteúdo do livro. Esses dados são transparentes e públicos”, destacou a Companhia das Letras, em resposta ao vídeo de Janaína Venzon.

A editora também divulgou o documento “Comprovante Escolha PNLD Literário 2021”, indicando que a seleção do livro para o Ensino Médio foi feita pela própria escola. O documento inclui o nome da diretora Janaína Venzon e a data de 17 de novembro de 2022.

Em uma entrevista ao portal GauchaZH, Venzon afirmou que não fez a solicitação da obra diretamente. “Perguntei para as supervisoras se elas fizeram alguma solicitação, e elas disseram que não. E outra coisa, quando o MEC oferece o livro ali no catálogo, as escolas não têm acesso ao interior do livro. Só vemos a capa e um resumo”, disse a diretora.

No sábado, 2, a Secretaria de Educação do RS emitiu uma nota. De acordo com o comunicado, o órgão não determinou a remoção do livro de bibliotecas presentes na rede estadual de ensino.

"A Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul (Seduc) não orientou para que a obra O avesso da pele, de Jeferson Tenório, integrante do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do Ministério da Educação (MEC), fosse retirada de bibliotecas da rede estadual de ensino. O uso de qualquer livro do PNLD deve ocorrer dentro de um contexto pedagógico, sob orientação e supervisão da equipe pedagógica e dos professores. A 6ª Coordenadoria Regional de Educação vai seguir a orientação da secretaria e providenciar que as escolas da região usem adequadamente os livros literários", explica a nota.