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Notícias / Meléndez

Obra de Meléndez de R$ 500 milhões é herdada por brasileiro

Quadro do século 18 comprado no bairro do Bixiga, em São Paulo, contém uma misteriosa pintura oculta; conheça a história do herdeiro da obra-prima

Gabriel Marin de Oliveira Publicado em 12/06/2024, às 16h55

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A natureza morta atribuída e Meléndez (à esquerda) e Radiografia da tela que mostra uma pintura oculta (à direita) - Acervo Pessoal
A natureza morta atribuída e Meléndez (à esquerda) e Radiografia da tela que mostra uma pintura oculta (à direita) - Acervo Pessoal

Na década de 1970, um homem adquiriu um quadro de natureza morta em um antiquário no bairro paulistano do Bixiga por cerca de R$ 20 mil.

Embora a obra não estivesse assinada, fora atribuída a algum renomado pintor europeu. Meio século depois, o valor da pintura seria avaliado em R$ 500 milhões após uma surpreendente descoberta: continha uma pintura secreta.

Durante a restauração da pintura em 2021, um exame de raio-x revelou, sob a natureza morta, a imagem de um homem segurando uma criança. Especialistas atribuíram a primeira tela ao pintor Luis Meléndez (1716-1780), mas a autoria da pintura oculta ainda não foi confirmada. Apesar disso, existem planos para que a obra seja exibida em vários países antes de ser vendida. A trajetória dessa descoberta remonta aos anos 1940 e é, no mínimo, fascinante.

Segundo o laudo da obra, a tela foi originalmente adquirida de uma família de imigrantes europeus durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Na década de 1940, a pintura era associada a Meléndez ou Francisco de Zurbaran, outro renomado pintor espanhol. O quadro permaneceu pendurado na parede de um antiquário por cerca de 30 anos até ser comprado.

No início dos anos 1970, foi adquirido no Bixiga por um homem de uma família paulistana próspera, que comprava propriedades na cidade. Uma dessas aquisições foi um apartamento na Avenida Paulista, para o qual a pintura foi comprada como item de decoração.

No fim dos anos 1980, o comprador transferiu a posse da valiosa obra para seu filho. Ao descobrir o valor da pintura, ele, que preferiu não se identificar, comentou:

"Estou vivendo um sonho que nunca imaginei; às vezes até me assusta um pouco", afirmou à Revista Galileu.

Gerações

O pai do herdeiro faleceu em 1992. "No meu aniversário, quando eu tinha vinte e poucos anos, ele me presenteou oficialmente e disse: 'Guarde isso, é a obra de um grande mestre espanhol'", relembrou. Desde outubro de 2020, a pintura está registrada no nome da empresa do filho, que já recebeu ofertas de compra de dezenas de milhões de dólares, mas ainda não fechou negócio.

Ele esclarece que o quadro não está à venda, mas analisa propostas. "Esta é uma obra que tem vida própria, que desperta a curiosidade das pessoas." Apesar de gostar muito da pintura, o herdeiro não era um clássico colecionador de obras-primas. "Até quatro anos atrás eu era muito leigo no mundo das artes. Depois comecei a pesquisar, ler e estudar", recorda.

A perícia

Com o quadro em posse, a empresa do novo dono encomendou um processo de restauração.  Primeiro, a perícia atestou a legalidade da pintura. Em seguida, iniciaram os processos de restauração e estudo. Durante a remoção do verniz, a obra secreta apareceu.

Por trás da ilustração do vaso na natureza morta, é possível ver a imagem de um braço no quadrante inferior esquerdo da tela. Segundo a 'Revista Galileu', o perito Douglas Quintale sugere que a figura na pintura oculta poderia ser Santo Antônio ou São José.


*Sob supervisão;