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Notícias / Arqueologia

Peru: Arte rupestre de 2 mil anos revela possíveis registros de canções psicodélicas

Novo estudo sugere que gravuras de pessoas e padrões geométricos são registros de rituais que usavam alucinógenos

Isabelly de Lima Publicado em 06/04/2024, às 12h59

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Arte rupestre que pode indicar canções psicodélicas - Reprodução / A. Rozwadowski / Cambridge A Archeological Journal
Arte rupestre que pode indicar canções psicodélicas - Reprodução / A. Rozwadowski / Cambridge A Archeological Journal

No coração do Peru, entre as paisagens áridas da região de Ica, reside um enigma milenar: o sítio arqueológico de Toro Muerto. Lá, gravuras rupestres esculpidas há mais de 2 mil anos narram histórias de rituais ancestrais, permeados por música, dança e, possivelmente, o uso de plantas alucinógenas.

Em um estudo publicado no periódico Cambridge Archaeological Journal no último dia 3, uma equipe de arqueólogos internacionais desvenda novos significados por trás das figuras enigmáticas de Toro Muerto. Entre os achados, destacam-se os "danzantes", figuras humanas em movimento cercadas por linhas e formas geométricas. Segundo os especialistas, essas representações podem ser metáforas visuais de viagens transcendentais, induzidas por rituais com plantas alucinógenas.

As figuras dos "danzantes", alinhadas a padrões geométricos em zigue-zague e pontos, são interpretadas como "metáforas gráficas de transferência para outro mundo". Essa hipótese se baseia em similaridades com a arte rupestre da cultura Tukano, presente na Amazônia colombiana e brasileira.

Estudos prévios sugerem uma ligação entre os desenhos de Toro Muerto e as experiências provocadas pelo consumo ritualístico da ayahuasca, bebida alucinógena utilizada por comunidades indígenas da Amazônia há milhares de anos, segundo a Galileu.

Transferência a outro plano

Aplicando essa interpretação à cultura de Toro Muerto, os arqueólogos propõem que as linhas onduladas ao redor dos "danzantes" representam as canções entoadas, atuando como uma força propulsora para a transferência para outro plano.

"O cosmos constituiu o espaço que o xamã explorou em sua jornada visionária, enquanto as linhas onduladas e em zigue-zague poderiam ter sido visualizações de ambas as canções, levando-o também a essa realidade paralela", explicam os autores no artigo. Ainda há muito a ser desvendado sobre Toro Muerto. As gravuras, segundo os pesquisadores, "ilustravam uma esfera cultural graficamente indescritível: cantos e canções".

As pesquisas em Toro Muerto, iniciadas em 2015, já revelaram cerca de 2.600 pedras com pinturas rupestres que desafiam o tempo. Esculpidas com instrumentos rudimentares, as gravuras apresentam uma rica iconografia com representações zoomórficas, geométricas e antropomórficas. Atualmente, uma equipe de arqueólogos do Peru e da Polônia trabalha na documentação do sítio.