Estudo inédito realizado pela Unicamp trabalha com espécies brasileiras para buscar características que levaram dinossauros a serem gigantes
Eduardo Lima, sob supervisão de Wallacy Ferrari Publicado em 12/03/2023, às 12h06
Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) decidiram tentar entender porque os dinossauros, os animais que habitaram a terra até 65 milhões de anos atrás, com o fim do período Cretáceo, eram tão gigantes. Estudando espécimes de dinossauros encontrados no Brasil, os cientistas da Unicamp conseguiram desvendar uma parte do mistério do tamanho enorme desses animais.
Os fósseis brasileiros usados na pesquisa, de três espécies diferentes de dinossauros, tem cerca de 233 milhões de anos e são os mais antigos encontrados na América Latina. Os restos mortais desses dinossauros brasileiros foram encontrados próximos à cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) entre 2011 e 2019.
Segundo o G1, as espécies utilizadas na pesquisa foram o Buriolestes schultzi, o Pampadromaeus barberenai, ambos fazendo parte do grupo dos sauropodomorfos, que depois abrigaria dinossauros com grandes pescoços, e o Gnathovorax cabreirai, que eram um herrerasaurídeo que foi extinto rapidamente.
Tito Aureliano, pesquisador do Instituto de Geociências da Unicamp que desenvolveu esse estudo para o seu doutorado, chegou à conclusão de que uma característica específica desses dinossauros os possibilitou alcançar o tamanho impressionante e garantir mais agilidade no movimento e adaptabilidade ao clima. Tudo isso só foi possível devido aos sacos aéreos.
Os sacos aéreos, também conhecidos como "ossos de passarinho", são espaços ocos entre os ossos que permitem o voo das aves e, no caso dos dinossauros, ajudaram a dar sustentação para o corpo enquanto diminuíam a densidade, o que pode ter facilitado os tamanhos enormes.
Como é que pode um bicho de 30 metros conseguir ficar em pé? Descobrimos, então, que esses animais gigantescos, ao invés de serem cheios de gordura e músculos, possuíam sacos aéreos, como os das aves, dando sustentação para o corpo e diminuindo a densidade, permitindo o aumento do tamanho", explicou Tito.
As evidências encontradas pelo pesquisador brasileiro apontam para a possibilidade que os dinossauros tenham evoluído pelo menos três vezes de forma independente de seu ancestral comum até possuírem esses sacos aéreos que não só permitiram o gigantismo como abriram o caminho para o voo, como para os pterodátilos.
