Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Notícias / Brasil

Polícia Federal investiga tortura e morte de crianças no Amazonas

Segundo investigações, uma série de crimes contra comunidades indígenas e ribeirinhas em 2020 foi promovida pela PM

Redação Publicado em 25/05/2023, às 12h17

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Imagem aérea de vila de indígenas mundurucu, que sofreram com ação policial - Foto por Serra Massuda pelo Wikimedia Commons
Imagem aérea de vila de indígenas mundurucu, que sofreram com ação policial - Foto por Serra Massuda pelo Wikimedia Commons

Em agosto de 2020, foi registrada uma chacina sofrida por comunidades indígenas e ribeirinhas da região do rio Abacaxis, no Amazonas. Recentemente, porém, uma investigação da Polícia Federal (PF) indica que a atrocidade, bem como diversos outros crimes, foram realizados por policiais militares em uma operação focada em extermínio, que contou inclusive com tortura de crianças e adolescentes.

Em relatório concluído pela PF em abril deste ano, o coronel da PM Louismar Bonates, ex-secretário de segurança pública do Amazonas, e Ayrton Ferreira do Norte, ex-comandante geral da PM do estado, foram indiciados pelo evento de 2020. O primeiro é acusado de ordenar e viabilizar a operação; o segundo, de comandar.

De acordo com a Folha de S. Paulo, a investigação da Polícia Federal listou oito homicídios — entre eles, os de dois jovens indígenas mundurucus e um adolescente —, quatro casos de tortura sem morte, ocultação de cadáver e continuidade de desaparecimento de restos mortais, lesão corporal grave em três pessoas (duas delas, crianças), e até mesmo incêndio criminoso em três casas.

Tudo teria começado com a tentativa de um secretário da gestão estadual de entrar em terras protegidas pela União para praticar a pesca esportiva, mas que acabou sendo atingido por um disparo de arma de fogo.

Então, um grupo de policiais teria sido mandado à região sem uniformes ou mandados de justiça para executar atos de vingança — mas a operação culminaria na morte de dois desses agentes.

Em reação, a PM teria comandado uma outra operação na região, essa sob a justificativa de combate ao tráfico de drogas. Porém, o que realmente aconteceu, de acordo com a PF, foi um esquema de extermínio movida por vingança.

Chacina

De acordo com a investigação, a incursão dos militares começou com a chegada deles em uma terra indígena com uma lancha da Polícia Militar Ambiental do Amazonas. Na ocasião, as vítimas — que não tinham nenhum histórico de crime ou violência — não tiveram qualquer possibilidade de resistência.

Um adolescente foi torturado pelos policiais militares, sofrendo perfurações de faca na frente dos próprios pais. Houve ainda tentativa de decapitação e de amarrar pedras nos tornozelos para que afundasse na água, e no fim as três pessoas foram executadas.

A Polícia Federal ainda apontou que outras vítimas foram alvejadas por metralhadoras de cima para baixo, e algumas continham cortes profundos nos abdômens, cuja intenção era de chamar mais atenção dos peixes, que os comeriam, auxiliando assim na ocultação desses cadáveres. Além disso, uma criança foi prensada por um freezer e confinada dentro.

Também foram registrados relatos de que os autores do crime teriam arremessado combustível em vítimas, ameaçando atear fogo em meio a sessões de tortura que incluíam socos na costela e asfixiamentos com sacos plásticos. Os policiais que participaram da operação cobriam os rostos com balaclavas, e não muniam de suas identificações, assim tentando permanecer em anonimato enquanto cometiam as atrocidades.