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Notícias / Elefantes-marinhos

Poligamia extrema pode estar causando a morte prematura de elefantes-marinhos

Estudo revelou que elefantes-marinhos machos adultos têm taxa de sobrevivência de 50%, quanto fêmeas atingem 80%

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 22/03/2023, às 11h46

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Um elefante-marinho-do-sul macho - B.navez via Wikimedia Commons
Um elefante-marinho-do-sul macho - B.navez via Wikimedia Commons

Um estudo com 14 mil elefantes-marinhos-do-sul, que vivem na Ilha Macquarie, no sudoeste do Pacífico, apontou que a taxa de sobrevivência de machos é consideravelmente mais baixa que a de fêmeas após os oito anos de idade: 50% x 80%, respectivamente. 

Sabe-se que os elefantes-marinhos-do-sul adultos diferem significativamente em tamanhos, com o macho podendo pesar até cinco vezes o peso das fêmeas. Essa diferença começa a surgir entre os três e seis anos, quando os animais passam por uma fase de desenvolvimento maior. 

Elefante-marinho-do-sul fêmea/ Crédito: Murray Foubister via Wikimedia Commons

E é justamente a explicação biológica por trás disso a grande questão da disparidade do tempo de vida dos animais. Segundo Sophia Volzke, doutoranda na Universidade da Tasmânia e principal autora do estudo divulgado na revista Royal Society Open Science, os elefantes-marinhos maiores e mais gordos possuem vantagem reprodutiva

“Eles só conseguem comida do oceano”, disse ao The Guardian. “Quando eles vêm para a terra [para procriar], eles estão competindo com outros machos pelo acesso às fêmeas”.

Eles precisam ter recursos de gordura armazenados para poder lutar contra outros machos e sobreviver em terra sem comer nada por semanas ou meses”, prosseguiu. 

Poligamia extrema

A grande responsável pela morte precoce de machos da espécie seria a “poligamia extrema”, aponta o estudo. Afinal, os elefantes-marinhos maiores e mais dominantes, conhecidos como beachmasters (ou ‘reis da praia’ em tradução livre), são os responsáveis por controlar haréns de fêmeas reprodutoras

Um grande beachmaster pode ter um harém de até 100 fêmeas”, explicou Volzke. “Uma vez que os haréns fiquem tão grandes, eles podem permitir que um mais jovem seja um mestre de praia assistente.

“Depende do tamanho do harém e da geografia da praia — se você tem uma praia muito longa, é mais provável que tenha vários haréns pequenos”, acrescentou ela, relatando que apenas 4% dos machos adultos se tornam beachmasters.

Portanto, a pesquisa aponta que as pressões competitivas sobre os machos adultos os levam a ganhar peso o mais rápido possível, resultando em taxas de sobrevivência menores, visto que eles precisam se arriscar em áreas com um número maior de predadores. 

“Os machos adultos concentram seus esforços de forrageamento em águas mais rasas. Esses locais altamente produtivos são frequentados por outros predadores marinhos, como orcas… e tubarões adormecidos”, diz o estudo. 

Embora os elefantes-marinhos machos se tornem biologicamente capazes de se reproduzir por volta dos seis anos, é muito raro que eles se mantenham competitivos o suficiente para lutarem por fêmeas quando estão atingem entre nove e 12 anos, explica a doutoranda. 

Além disso, eles passam grande parte do ano no mar, sendo que os machos desembarcam todo mês de agosto na Ilha Macquarie, onde tentam estabelecer domínio sobre as áreas de praia. “As fêmeas chegam em setembro e se agregam em grupos… os machos vêm e tentam defender esses grupos”, explica Sophia Volzke.

Elefantes-marinhos brigando/ Crédito: Laëtitia Kernaléguen via Wikimedia Commons

“Podemos ver um macho que não é um beachmaster bem-sucedido desembarcar em agosto e tentar desafiar um beachmaster. Se eles perderem uma luta, simplesmente voltarão para o mar”, apontou.

Os Beachmasters têm um rugido muito alto que detém outros machos, o que significa que alguns podem nem chegar à praia naquele momento.”