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Notícias / Mudanças climáticas

Restos de elefantes-marinhos revelam que mar da Antártida era quente no passado

Os animais ocupavam praias da Antártida em épocas de calor; confira!

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 27/02/2023, às 10h12 - Atualizado em 02/03/2023, às 17h15

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Restos de elefante-marinho encontrado na Antártida - Divulgação/Brenda Hall
Restos de elefante-marinho encontrado na Antártida - Divulgação/Brenda Hall

A costa de Victoria Land, em Ross Embayment, é uma enorme região da Antártida que chamou bastante atenção de pesquisadores ao revelar restos mortais de mais de 300 elefantes-marinhos.

No entanto, uma análise dos materiais ali encontrados revelou algo ainda mais surpreendente: os animais teriam vivido no local em uma época em que a área era mais quente, durante meados do Holoceno — período de cerca de 11,6 mil anos atrás que se estende até o presente —, quando havia menos gelo no Mar de Ross, segundo artigo publicado em 7 de fevereiro na Quaternary Science Reviews.

Liderador por Brenda Hall, professora da Escola da Terra e Ciência Climática da Universidade do Maine, nos Estados Unidos, os cientistas reuniram restos mumificados e esqueléticos dos animais, além de pele derretida sob rochas e bancos de neve. Ao todo, 305 amostras foram coletadas, e análises indicam que eles não só viviam no Mar de Ross, como também na costa de Victoria Land, há entre 7 e 5 mil anos.

Restos de elefante-marinho utilizados em pesquisa
Restos de elefante-marinho utilizados em pesquisa / Crédito: Divulgação/Brenda Hall

Hoje, os elefantes-marinhos do sul tendem a pescar em áreas muito mais quentes do que o Mar de Ross", diz Brenda Hall em comunicado. "Fomos capazes de usar a presença de sua pele e cabelo derretidos, bem como alguns ossos e múmias ressecados pelo vento polar, para mostrar que os elefantes-marinhos já fizeram do Mar de Ross seu lar."

Previsão para o futuro?

Conforme repercutido pela Revista Galileu, a professora explica no estudo que o calor que havia no passado no Mar de Ross pode ter sido um fator que auxiliou o recuo da camada de gelo da Antártica Ocidental nos últimos 8 mil anos. "O aquecimento futuro poderia continuar a empurrar o recuo do gelo", alerta Hall. "No entanto, a temperatura do oceano pode não ser toda a história."

O argumento, que indica a existência de um ciclo de aumento de temperatura e resfriamento da região, é fortalecido ainda pelo fato de que restos de elefantes-marinhos de períodos mais antigos, de pouco antes do último máximo glacial, que ocorreu há 20 mil anos. Ou seja, pode ter havido água quente na região do Mar de Ross até mesmo durante a formação de sua camada de gelo.

Mar de Ross
Fotografia aérea tirada no Mar de Ross / Crédito: Foto por NASA Goddard Space Flight Center pelo Wikimedia Commons

Dessa forma, a pesquisadora encerra falando sobre como estudar a resposta das camadas de gelo do passado ao aquecimento das águas pode ajudar a compreender uma alternativa para responder à crise climática que a humanidade enfrenta atualmente. 

Sob o aquecimento global futuro, as águas quentes do oceano subterrâneo e, portanto, o derretimento provavelmente aumentarão em torno da Antártica devido ao movimento para o sul dos ventos de oeste e maior produção de água derretida ou ventos de leste polares mais fortes", encerram os autores do estudo.