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Notícias / Ilha de Páscoa

Primeiros habitantes da Ilha de Páscoa tiveram contato com sul-americanos

Segundo novo estudo, os primeiros habitantes da Ilha de Páscoa podem já ter tido contato com povos da América do Sul há mil anos; entenda!

Éric Moreira Publicado em 21/03/2024, às 12h44 - Atualizado às 13h18

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Estátuas moai na Ilha de Páscoa - Foto por Mike W. via Wikimedia Commons
Estátuas moai na Ilha de Páscoa - Foto por Mike W. via Wikimedia Commons

Um novo estudo publicado na quarta-feira, 20, na revista PLOS One, sugere que os primeiros habitantes da Ilha de Páscoa, famosa pelo grande número de estátuas moai em seu território, tiveram contato com povos da América do Sul já há mil anos.

Para esta descoberta, foram analisados restos de comida e grãos de amido em lâminas de obsidiana encontradas no sítio arqueológico de Anakena, o assentamento mais antigo conhecido da ilha, ocupado entre 1000 e 1300 d.C.

Segundo o Live Science, a Ilha de Páscoa — também chamada de Rapa Nui — só foi conhecida pelo resto do mundo depois que exploradores holandeses desembarcaram lá em 1722. Porém, seus nativos já viviam ali há centenas de anos.

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Embora não se saiba exatamente quando ocorreu a colonização de Rapa Nui por seus nativos, e nem a origem geográfica destes primeiros humanos, muito se discute se eles teriam vindo da Polinésia — uma sub-região da Oceania —, da América do Sul ou de ambos. Porém, com as novas análises, novos detalhes sobre a colonização inicial da ilha podem ser pensados.

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Povos migratórios

A partir da análise de 20 lâminas de obsidiana encontradas em Rapa Nui em 1987, os pesquisadores identificaram evidências de 46 tipos de grãos de amido. Porém, apenas 21 deles puderam ser classificados, pertencendo a oito espécies distintas: fruta-pão, mandioca, inhame, inhame-roxo, batata-doce, maçã taitiana, achira e gengibre.

Lâminas de obsidiana analisadas em novo estudo / Crédito: Divulgação/Andrea Seelenfreund

O que surpreendeu na identificação, por sua vez, foi a descoberta de vestígios da fruta-pão e da maçã taitiana, visto que nenhuma dessas duas plantas foi encontrada na ilha anteriormente. Ambas as frutas são culturas polinésias essenciais, portanto, possivelmente foram transportadas até lá com os primeiros colonizadores polinésios.

No entanto, achira, batata-doce e mandioca são alimentos originários da América do Sul. "Nossos resultados mostram que, na época em que as pessoas viviam no sítio Anakena, elas já haviam viajado para a costa sul-americana e entrado em contato com os povos sul-americanos", afirma a arqueóloga e uma das autoras do estudo, Andrea Seelenfreund, da Academia de Humanismo Cristão da Universidade do Chile, à Live Science via e-mail.

Argumentamos que os viajantes polinésios (Pacífico) chegaram à costa do continente americano e interagiram com as populações americanas locais e, em algum momento posterior, retornaram às ilhas do Pacífico com algumas culturas americanas que foram então cultivadas em diferentes ilhas juntamente com as culturas tradicionais do Pacífico", acrescenta a pesquisadora.

Agora, embora os responsáveis pelas pesquisas atestem que é necessário que sejam feitos mais estudos, como a procura de outras espécies de plantas do Pacífico mais vasto, eles acreditam que seja altamente provável que tenha ocorrido, de fato, uma interação entre os povos polinésios e sul-americanos há cerca de mil anos, muito antes da chegada dos holandeses em Rapa Nui.

Temos que ter em mente que as viagens oceânicas de longa distância eram uma habilidade altamente desenvolvida pelos habitantes das ilhas do Pacífico", afirma, por fim, Seelenfreund, ainda ao WordsSideKick.com.