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Notícias / Brasil

Em palestra, procurador de justiça do Pará afirma que Brasil não tem dívidas com a escravidão

"Não acho que nós tenhamos dívida nenhuma com quilombolas. Nenhum de nós aqui tem navio negreiro", disse Ricardo Albuquerque, que também atacou os indígenas

André Nogueira Publicado em 27/11/2019, às 11h03

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O procurador de Justiça Ricardo Albuquerque pode até perdeu o emprego devido à fala absurda - Ministério Público do Pará
O procurador de Justiça Ricardo Albuquerque pode até perdeu o emprego devido à fala absurda - Ministério Público do Pará

Enquanto ministrava uma palestra para estudantes de Direito em uma universidade particular de Belém, Ricardo Albuquerque, procurador de Justiça do Ministério Público do Pará (MPPA), causou controvérsia ao fazer declarações sobre a escravidão brasileira. 

"Problema da escravidão no Brasil foi porque o índio não gosta de trabalhar", afirmou Albuquerque. Ele ainda declarou que não deve nada a Zumbi e o movimento negro.

"Não acho que nós tenhamos dívida nenhuma com quilombolas. Nenhum de nós aqui tem navio negreiro", continou, exaltado. “Me desculpa você aí, mas se na minha família não tem nenhuma pessoa que tenha ido buscar um navio negreiro lá na África, como é que eu vou ter dívida com negócio de zumbi, esse pessoal.”

Depois que sua fala viralizou nas redes sociais, o procurador se defendeu, alegando em nota que as suas declarações foram retiradas do contexto e, por isso, mal interpretadas. Para Albuquerque, o aúdio foi divulgado de maneira tendenciosa. "Todos são iguais perante a lei. Tanto isso é verdade que o áudio veiculado conclui que não houve a violação do direito de nenhum grupo".

O Ministério Público do Pará estuda as medidas cabíveis para resolver a grave situação.

Veja sua declaração completa:

"A gente não tem culpa de nada. E aqui, professora, eu vou falar uma coisa que talvez muita gente não goste. Mas é o seguinte: eu não acho que nós tenhamos dívida nenhuma com quilombolas. Nenhum de nós aqui tem navio negreiro. Nenhum de nós aqui, se você for ver sua família há 200 anos atrás (sic), tenho certeza que nenhum de nós trouxe um navio cheio de pessoas da África para ser escravizadas aqui. E não esqueçam, vocês devem ter estudado História, que esse problema da escravidão aqui no Brasil foi porque o índio não gosta de trabalhar, até hoje. O índio preferia morrer do que cavar mina, do que plantar pros portugueses. O índio preferia morrer. Foi por causa disso que eles foram buscar pessoas nas tribos na África, para vir substituir a mão de obra do índio. Isso tem que ficar claro, ora! Me desculpa você aí, mas se na minha família não tem nenhuma pessoa que tenha ido buscar um navio negreiro lá na África, como é que eu vou ter dívida com negócio de zumbi, esse pessoal. Agora tem que dar estrutura para todo mundo, tem que dar terra pra todo mundo, mas é porque é brasileiro, só isso. É o que eu disse ainda agora, todos são iguais em direitos e deveres, homens e mulheres. Você escolhe o que você quiser ser, não estou nem aí. Mas todos são iguais, todos, todos, todos, absolutamente todos. Não precisa ser gay, ser negro, ser índio, ser amarelo, ser azul para ser destinatário de alguma política pública. Isso tá errado. O que tem que haver, meus amores, é respeito mútuo. Eu lhe respeito, você me respeita, acabou a história. O resto é papo furado. Isso tudo só faz travar a sociedade e eu tô dizendo isso porque eu sei o que rola lá dentro."