Em estudo, pesquisadores revelam que o edifício foi o primeiro reforçado com ferro; entenda!
Redação Publicado em 17/03/2023, às 16h24
Na catedral de Notre-Dame de Paris, em 15 de abril de 2019, aconteceu um incêndio. Agora, a um mês de completar quatro anos do ocorrido, um novo estudo trouxe descobertas inéditas a respeito da estrutura do monumento. Pesquisadores encontraram, em meio às obras de reconstrução, 12 grampos de ferro na fundação do edifício, que revelam que ele foi o pioneiro no uso do material.
Na última quarta-feira, 15, foi publicado um estudo na Plos One, no qual, os pesquisadores descreveram ter encontrado os grampos de ferro em diferentes lugares da construção, no entanto, ainda não está claro qual o papel que o material pode ter desempenhado na construção inicial de Notre-Dame.
O destaque de inúmeras soldaduras em todos os grampos de ferro e as múltiplas proveniências lançam luz sobre a atividade do mercado de ferro nesta grande cidade medieval europeia e a natureza das mercadorias que circulavam, e questionam a possível importância da reciclagem”, contam os autores no estudo, como repercutido pela Galileu.
Locais de Notre-Dame, que antes eram considerados inatingíveis, foram acessados por Maxime L'Héritier, da Universidade de Paris 8 e principal autor do estudo, junto de sua equipe, a fim de coletar amostras de cada um dos grampos. Para compreender melhor o material, eles utilizaram datação por radiocarbono, além análises microscópicas, químicas e arquitetônicas.
Os grampos realmente foram utilizados nas primeiras fases da construção da catedral na década de 1160, sendo o primeiro edifício do tipo a ter em sua estrutura, grampos de ferro, como sugerem as análises. O uso de peças de ferro, raramente foi estudado no passado, já que durante muito tempo, foi considerado uma característica de restauração tardia, geralmente do século XIX. O uso de reforços de ferro se popularizou em catedrais mais recentes e em outras restaurações de edifícios antigos.
A Notre-Dame de Paris, na França, na época do incêndio, recebia cerca de 13 milhões de pessoas por ano e já tinha mais de 850 anos de história. As abóbadas do monumento gótico cristão — que foi o edifício mais alto já construído em meados do século 12 — chegam a 32 metros de altura.
As análises, combinadas a outros conhecimentos arqueológicos e históricos daquele período, também fornecem informações que podem ajudar a aprofundar a compreensão do comércio, circulação e forja do ferro durante os séculos 12 e 13 em Paris. Muitos grampos, ao que parece, foram forjados pela soldagem de peças de ferro obtidas de várias fontes de suprimento diferentes.
Para a expansão e confirmação de outras descobertas a respeito do mercado medieval do ferro parisiense, mais análises e pesquisas sobre os produtores de ferro na região, são necessárias.
