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Notícias / João Couto Neto

Rio Grande do Sul: Cirurgião teria mutilado mais de 70 pacientes

João Couto Neto está sob investigação após dezenas de pacientes operados por ele apresentarem sequelas por vezes fatais

Redação Publicado em 28/12/2022, às 13h21

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Imagem meramente ilustrativa - Divulgação/ Pixabay/ 12019
Imagem meramente ilustrativa - Divulgação/ Pixabay/ 12019

O cirurgião João Couto Neto, especialista em operações no sistema digestivo, está atualmente sob investigação pelas autoridades do Rio Grande do Sul, tendo sido afastado de suas funções por 180 dias, começando no último dia 12 de dezembro. 

O médico é conectado aos quadros de 73 pacientes que, após serem operados por ele, ficaram com lesões em seu organismo. No caso de 18 desses, essas sequelas se mostraram fatais, levando à morte. 

Segundo afirmado pelo delegado Tarcísio Kaltbach, que está liderando a investigação do caso, é possível que o número de vítimas de Couto Neto passem de uma centena. A declaração foi repercutida pelo jornal O Globo. 

"Tudo normal"

Uma das pacientes que foi a óbito após ser operada pelo homem era uma idosa de 72 anos chamada Núbia Costa. Ela foi atendida pelo médico em maio de 2021, e, após inúmeras complicações, faleceu em julho de 2022. Sua filha enlutada, Cristiana, deu uma entrevista ao veículo: 

Quando minha mãe teve alta, ele disse que tinha perfurado o intestino sem querer, mas que já havia feito a sutura e não teria nenhum problema. Como sou leiga no assunto, acreditei. Mas ela nunca esteve bem. Ficou sentindo dores abdominais, vomitando", relatou ela. 

Ainda de acordo com a mulher, ao enviar mensagens para Neto questionando a situação, ela ouviu do profissional que "estava tudo normal", e só era preciso dar "chá e leite de magnésia" para sua mãe. 

Após perder a ente querida, Cristiana foi atrás de mais informações a respeito do cirurgião, e foi nesse momento que descobriu a trilha de sangue deixada pelo especialista. 

Entre os casos, há uma senhora que está em estado vegetativo há cinco anos, por causa de uma perfuração no fígado. Gente que teve perfuração de veia. Há outra ex-paciente que passou pela nona cirurgia tentando arrumar o intestino", explicou ao Globo. 

Crueldade 

A investigação criminal em andamento a respeito da má conduta de João Couto Neto procura apurar, entre outras coisas, se as dezenas lesões provocadas por ele foram feitas por negligência ou crueldade deliberada. 

Para o delegado Kaltbach, a segunda hipótese parece mais provável, uma vez que o profissional também tinha a tendência de se recusar a receitar remédios, mesmo quando seus pacientes apresentavam um quadro avançado de necrose. Alguns indivíduos operados por ele chegaram a tentar o suicídio ainda no hospital para escapar da dor insuportável que estavam sentindo. 

Não conseguimos entender porque ele fazia isso com as pessoas. Às vezes, operava uma região do corpo, mas cortava outra que não tinha a ver com a cirurgia. Houve casos de pessoas que definharam no hospital, morrendo aos poucos. Isso é recorrente nos depoimentos", afirmou ainda o investigador.