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Matérias / História

4 pontos importantes da pesquisa que analisou o incesto entre os Habsburgos

Para perpetuar o poder, algumas famílias incentivavam relações incestuosas no passado da Europa

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 13/05/2023, às 14h00 - Atualizado em 17/05/2023, às 09h34

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Carlos II da Espanha, um dos membros da Casa de Habsburgo - Domínio Público via Wikimedia Commons
Carlos II da Espanha, um dos membros da Casa de Habsburgo - Domínio Público via Wikimedia Commons

Ao longo da história da humanidade, todo tipo de medida a fim de garantir a perpetuação do poder já foi tomada e incentivada, especialmente no contexto monárquico da Europa de séculos atrás. 

Pensando em estabelecer uma relação entre uma dessas medidas para perpetuação de poder, o incentivo a relacionamentos incestuosos, e uma característica física recorrente em alguns monarcas europeus, um grupo de pesquisadores analisou atentamente um dos clãs mais importantes da história da Europa: a Casa de Habsburgo. Confira abaixo 4 pontos importantes sobre a pesquisa, publicada em 2019 no periódico Annals of Human Biology.

1. Maxilares avantajados

Como já enfatizado, uma característica que chama bastante atenção quando se observa pinturas de antigos reis e rainhas provenientes da Casa de Habsburgo, é o recorrente maxilar avantajado. Relacionando isso ao fato de relações consanguíneas serem comuns, os pesquisadores acreditam que a característica possa se tratar, na verdade, uma condição: prognatismo mandibular.

O prognatismo mandibular, de acordo com a Revista Galileu, é caracterizado por uma mandíbula inferior mais avantajada, o que até mesmo mantinha o lábio inferior ligeiramente afastado do superior. Hoje, além disso, são conhecidas maneiras de se resolver a condição, no entanto, no passado esse tipo de feito não era possível.

2. Nem sempre eram grandes

Porém, embora a condição hoje chamada "Mandíbula de Habsburgo" seja principalmente caracterizada pelo maxilar, nem sempre a condição se dava dessa forma. 

Alguns membros do clã de Habsburgo também apresentavam nariz proeminente e um queixo pouco desenvolvido — como pode ser percebido em Margarida da Áustria. Essas características, por sua vez, podem caracterizar outra condição: o micrognatismo mandibular. Mas ainda assim, as duas condições podem estar dentro do que se conhece como "mandíbula de Habsburgo".

Margarida da Áustria
Margarida da Áustria / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

3. Tronos de Habsburgo

"A dinastia Habsburgo foi uma das mais influentes da Europa, mas tornou-se conhecida pela consanguinidade, que levou a sua eventual queda [do poder]. Mostramos pela primeira vez que há uma clara relação positiva entre a consanguinidade e a aparência da mandíbula dos Habsburgo", afirma Roman Vilas, da Universidade de Santiago de Compostela e um dos coautores do estudo.

Sabendo disso, percebe-se que, ao menos, o incesto incentivado e praticado entre os membros da família Habsburgo teve êxito no plano de reinar grande parte da Europa.

Entre alguns de seus membros mais conhecidos, podem ser destacados o rei Carlos II da Espanha, conhecido como Carlos, o Enfeitiçado, que governou de 1665 até sua morte, em 1700; Margarida da Áustria, que também serviu como rainha da Espanha ao se casar com Filipe III, em 1599 até sua morte, em 1611; e Fernando II do Sacro Império Romano-Germânico, imperador e arquiduque da Áustria de 1619 até 1637.

Fernando II
Fernando II / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

4. Apenas uma característica?

Embora pareça muito evidente a relação entre essa possível condição genética com os relacionamentos consanguíneos entre os membros da Casa de Habsburgo, ainda é importante pontuar que o estudo desenvolvido só tomou como base retratos de 15 membros da dinastia.

Dessa forma, como os cientistas explicam em comunicado, esses traços físicos podem ser somente uma característica física comum na família, e não necessariamente a condição em todos os casos — mas a chance de se tratar da condição de fato são altas.

Para o estudo, dez cirurgiões faciais foram recrutados, e analisaram 66 retratos no total. Dos 15 membros observados, a condição foi identificada em pelo menos 11 deles.