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Matérias / Entretenimento

5 novelas censuradas pela ditadura que tiveram remake com roteiro original

Sem a possibilidade de produzi-las como planejado devido ao AI-5, elas tiveram seus roteiros respeitados anos depois

Redação Publicado em 09/10/2022, às 09h00 - Atualizado em 27/10/2022, às 09h41

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Alguns dos personagens das novelas listadas - Divulgação / TV Globo
Alguns dos personagens das novelas listadas - Divulgação / TV Globo

Durante os anos de vigor do Ato Institucional nº 5, as marcantes telenovelas brasileiras serviram como símbolos de entretenimento em meio a tempos de censura. Algumas dessas produções, conforme levantado pelo colunista Nilson Xavier, do portal de notícias UOL, tiveram cenas históricas ou até mesmo capítulos e exibições vetadas pelos censores do governo militar.

Contudo, anos depois, puderam ser refeitas respeitando os desejos originais do autor e sendo sucessos conforme planos iniciais. Sabendo disso, o Aventuras na História separou 5 telenovelas vetadas pela Ditadura que receberam remakes após a Nova República.

1. 'Meu Pedacinho de Chão'

Em 1971, a obra estreava como a primeira novela da faixa das 18h na emissora, antecedendo jornais locais e o Jornal Nacional. Com tom lúdico, sua censura se deu por fatores que beiram o bobo; cenas, como as de um personagem tocando o Hino Nacional no violão para caboclos, ou a de um aluno de uma escola cantando o hino com a bandeira do Brasil estendida sobre a mesa.

Censores afirmavam que os símbolos patrióticos não poderiam ser exibidos naquele ambiente e que a bandeira deveria aparecer apenas em “cenas especiais”. O remake de 2014, no entanto, foi refeito com uma ambientação fantasiosa, sem a necessidade das referências anteriormente censuradas, seguindo o roteiro de Benedito Ruy Barbosa.


2. Selva de Pedra

O caso mais famoso de interferência da Censura Federal ocorreu no esperado casamento de Cristiano (Francisco Cuoco) e Fernanda (Dina Sfat), na transmissão original de 1972. O personagem acreditava que sua primeira esposa na trama, Simone (Regina Duarte), estava morta após um acidente de carro. Os espectadores, no entanto, sabiam que ela estava viva.

Devido a esse fato, os sensores avaliaram que, pelo fato dela estar viva — mesmo que nenhum personagem soubesse — um segundo casamento resultaria no crime de bigamia, proibindo o roteiro e resultando no descarte de 22 episódios já gravados. Assim que a redemocratização ocorreu, em 1985, a Globo iniciou os preparativos para refazer a novela, que estreou no ano seguinte, dessa vez respeitando o interesse original do roteiro.


3. O Bem Amado

A cômica história protagonizada pelo prefeito Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo) arrancou risadas do Brasil em 1973. Contudo, os termos "coronel", para se referir ao político, e "capitão", para referenciar o matador Zeca Diabo (Lima Duarte), incomodou os militares, que vetaram os usos das palavras e obrigaram a TV Globo a, cuidadosamente, remover as palavras dos áudios de 15 capítulos já gravados.

Em 2011, o filme 'O Bem Amado' foi lançado e, no ano seguinte, dividido em quatro capítulos numa minissérie exibido pela emissora carioca. Dessa vez, sem censura e com Marco Nanini no papel do quimérico prefeito nas aventuras para inaugurar o cemitério de seu município.


4. O Rebu

Inicialmente transmitido em 1974, foi a primeira novela a pautar a homossexualidade no Brasil, fato que os sensores não puderam ignorar; mesmo que implicitamente, o persoangem Conrad Mahler (Ziembinski) nutria sentimentos com Cauê (Buza Ferraz), rapaz bem mais jovem.

Nos primeiros capítulos, a Censura Federal exigiu que Cauê fosse abertamente tratado como filho adotivo, mas o carinho e proximidade de ambos continuou incomodando, posteriormente classificando ambos como um casal.

O mesmo fato ocorreu com a proximidade de Roberta e Glorinha (Regina Viana e Isabel Ribeiro), resultando na ordenação do corte de diversas cenas. O roteiro original pode ser finalmente seguido em 2014, quando a produção foi refeita como novela das 11h.


5. Roque Santeiro

Nesse caso, a novela original sequer chegou a ir ao ar; sua estreia, prevista para 27 de agosto de 1975, já era anunciada em jornais e na programação. Contudo, minutos antes de ter o primeiro capítulo exibido, Cid Moreiraanunciou, no 'Jornal Nacional' que a produção havia sido vetada pelo Governo.

A justificativa era a seguinte: "A novela contém ofensa à moral, à ordem pública e aos bons costumes, bem como achincalhe à Igreja". Foram perdidos 10 episódios prontos e cenas de mais 30 capítulos. A novela só pôde ser feita no ano da redemocratização, em 1985, mas com outro elenco e sem aproveitar imagens da versão engavetada.

Novela inspirada em fato

A novela 'Travessia', que vai substituir o remake de 'Pantanal' na faixa de novelas das 21h da TV Globo a partir da segunda-feira, 10, conta com a autoria da novelista Gloria Perez e direção de Mauro Mendonça Filho.

Se engana quem imagina que o enredo da novela é baseado unicamente em ficção. A produção da emissora carioca conta com uma protagonista que vive uma saga inspirada num crime nacionalmente conhecido, que chocou o país há 8 anos. Confira aqui.